Perdida na História

Perdida na História

sábado, 3 de setembro de 2011

Amazing Grace


No meio da tempestade, um homem converte-se. Um dos mais espantosos hinos da História terá para sempre a sua assinatura.


O tráfico.

      Os navios negreiros costumavam começar a jornada na Europa quase vazios até que aportassem na costa africana. Lá, os chefes tribais (e não só!) entregavam aos navios Europeus as "cargas", compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. Os compradores selecionavam os espécimes mais finos, que demonstrassem saúde ou qualidades úteis, comprando-os em troca de armas, munições, licor, e tecidos.





       Os cativos seriam trazidos para bordo,  sendo depois preparados para o "transporte". Eram acorrentados nas plataformas para impedir suicídios.
        Colocados lado a lado para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente até 600 "unidades" de carga humana. Os escravos eram "carregados" nos navios para a viagem através do Atlântico.



       Os capitães procuravam fazer uma viagem rápida até aos seus destinos, esperando preservar ao máximo a sua carga. Contudo, a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de desinteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram atirados ao mar.



       Uma vez chegados ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e "melaço" que os navios carregavam para Inglaterra já na viagem de regresso do seu"comércio triangular."

John Newton converte-se

       John Newton era apenas mais um de muitos negreiros. Depois de um curto tempo na Marinha Real, iniciou a sua carreira como traficante de escravos. Transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos para a América no século XVIII. Contudo, nada fazia prever o que estava para acontecer em 1748. Numa das suas viagens, o navio enfrenta uma colossal tempestade.



      Momentos depois de ele deixar o convés, o marinheiro que tomou o seu lugar foi ferozmente lançado ao mar. Ele próprio guiou a embarcação pela tempestade. Mais tarde, terá comentado que durante a tempestade sentiu que estavam tão frágeis e desamparados "que somente a Graça de Deus poderia salvá-los naquele momento"

      Conta a História que terá sido nestes minutos de aflição que Newton se terá convertido ao Cristianismo, pensando que ia morrer. Milagre ou não, Newton, sobrevive.

       Incentivado por este acontecimento e pelo que havia lido no livro, Imitação de Cristo de Tomás de Kempis, resolve abandonar o tráfico de escravos e converte-se verdadeiramente,tendo começado a estudar para ser "Pastor”. Nos últimos 43 anos de sua vida, pregou o evangelho em Olney e em Londres.

       No túmulo de Newton lê-se:
 
      "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir".

O Hino

        O seu mais famoso testemunho continua vivo, no mais famoso das centenas de hinos que escreveu: Amazing Grace (ou  Graça Maravilhosa).

       Efectivamente, este hino é muito querido nos Estados Unidos, sendo que todos os cantores de renome terão feito a sua próprio interpretação, desde Elvis, a Aretha Franklin, Celin Dion, Celtic Woman, Cantores Gospel, entre centenas de outros, tendo mesmo sido realizado um filme em homenagem a este hino (http://www.imdb.com/title/tt0454776/).


Gospel

Celtic Woman

      Apesar da mensagem de felicidade e salvação, é frequentemente ouvido em cerimónias de comoção e pesar.

"Amazing Grace"

Amazing grace, how sweet the sound
That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now I'm found,
Was blind, but now I see.

’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!

Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.

The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.

Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.

The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.

John New­ton, Ol­ney Hymns (Lon­don: W. Ol­i­ver, 1779)




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