Perdida na História

Perdida na História

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Trento: o Concílio

      Torna-se mais urgente do que nunca, em meados do séc. XVI, convocar um concílio para responder aos problemas (e provocações) colocados pelos movimentos reformadores na Europa. As ideias de Lutero triunfam grandemente no Império Germano, a reforma de Zúnglio impõe-se na Suíça, a de Calvino em França e até Inglaterra rompe com o papado. A Igreja está em ruptura?

"Toda a gente grita: concílio! concílio! concílio!"
 formula laconicamente o legado do papa, Aleandro.


Concílio precisa-se.

     Desde o inicio da Reforma e face às afirmações dos protestantes que, no parecer de certos católicos, se torna indispensável redefinir claramente os dogmas da Igreja de Roma, assim como as regras da disciplina eclesiástica.
     Obstáculos doutrinários e políticos retardam, porém, a reunião do concílio: o humanista Erasmo, conselheiro de Carlos V, quer acreditar na reconciliação com os protestantes. A definição unilateral dos dogmas cristãos poderia conduzir a algum tipo de heresia.  Por outro lado, as hostilidades entre Carlos V e a França (guerras de Itália) tornam materialmente difícil a reunião de uma assembleia que represente a Europa e que, aliás, se manteria na península, não muito longe de Roma.

      Por seu lado, o próprio papa teme a realização de um concílio onde a voz dos altos dignitários da Igreja se sobrepusesse à sua própria voz e autoridade única.  Contudo, eleito em 1534, o papa Paulo III Farnésio  é um feroz partidário da abertura de um concílio.

Paulo III (com Inácio de Loyola)

        Em resumo, os entraves iniciais a este concílio, terão sido,então, o facto da Cúria romana temer perder privilégios, o papa receava o Conciliarismo (teoria pela qual o Concílio está acima do papa), a França queria abater a hegemonia européia do Império Romano Germânico e os príncipes protestantes não pretendiam devolver os bens conquistados.

Trento

        Depois de duas tentativas falhadas, uma em Mântua e outra em Ratisbona, a escolha de Trento, cidade italiana em território imperial, permite contentar simultaneamente franceses, italianos e alemães.

        A 13 de Dezembro de 1545 tem lugar em Trento a cerimónia de abertura da (muitíssimo) esperada assembleia.

O mais longo

      Muito dificil de organizar, este concílio terá sido o mais longo da história da Igreja: durante 18 longos anos , sob 4 papas sucessivos e 25 sessões, os sacerdotes conciliares legislaram sobre a doutrina catolica.
      Os inícios foram enganosos: à sessão de abertura, apenas 4 cardeais, 25 bispos e 5 superiores de ordens religiosas se encontram na Catedral de San Vigilius de Trento. A presidência é confiada aos três legados pontífices, Pole, Cervini e Del Monte.



Catedral de San Vigilius de Trento


      Apesar da vontade de Carlos V, os protestantes estão ausentes desta reunião que, ironicamente, é definida como "ecuménica e geral".

Carlos V´

I fase



      Até 1549, os sacerdotes deliberaram acerca das Escrituras (a versão latina da Vulgata é reconhecida como canónica), sobre os sacramentos e o problema da justificação do Homem pela graça ou pelas obras, ponto essencial de discórdia entre católicos e protestantes.

      Em 1547, quando Carlos Vse aproxima com as suas tropas de Trento, os membros do concílios aproveitam o pretexto de uma epidemia e movem-se para Bolonha. Em Setembro de 1549, Paulo III dois meses antes de morrer, autoriza que os sacerdotes se retirem.

II fase



      Uma segunda fase tem início em 1551, depois da eleição do cardeal Del Monte, que se torna papa sob o nome Júlio III. Tal como em 1545, os efectivos são escassos: 65 conciliares, na sua grande maioria espanhóis; o rei de França, Henrique II, terá proibido aos seus bispos de irem a Trento...

      Desta vez, as discussões centram-se na disciplina eclesiástica, sacramentos, assim como na doutrina da transubstanciação ou presença do corpo e do sangue de Cristo no pão e vinho da Eucaristia, outro grande foco de discórdia com os protestantes.

      Face ao recrudescimento das hostilidades na Europa, os sacerdotes ficam temerosos e em Abril de 1552, o concílio faz nova pausa.

      Nos anos seguintes, a chegada ao pontificado do cardeal Carafa (Paulo IV, 1555-1559) marca uma interrupção nas tentativas de conciliação com o protestantes. Em 1555, a paz de Augsburgo instaura uma trégua entre as duas religiões do Estado do Império Germânico. A situação estabiliza: a existência de duas correntes cristãs irreconciliáveis torna-se evidente.

A obra do Concílio

      O quarto papa do concílio, Pio IV, eleito em 1559, fixa a sessão de abertura da última fase do concílio para Janeiro de 1562. Neste momento, os italianos estão em franca maioria, entre os 113 participantes. Já não há alemães e os prelados franceses só chegarão em Dezembro desse ano.

Pio IV (Giovanni Angelo de Medici )

       As últimas sessões definem o sacramento da ordenação eclesiástica, decidem a criação de seminários para formar futuros sacerdotes, abordam a questão da organização do culto dos santos e da veneração das imagens.




       A 4 de Dezembro de 1563 é proclamado o encerramento do Concílio de Trento: 236 padres conciliares assinam as Actas, confirmadas pelo papa em 1564.

       Reunido sob condições dificeis, o concílio cumpriu uma obra conciderável:

       - Reforma da carreira eclesiástica, com a formação de seminários de sacerdotes ordenados a partir dos 25 anos, não podendo acumular cargos

       - Definiu o pecado original e declarou, como texto bíblico autêntico, a tradução de São Jerónimo, denominada "Vulgata". O Concílio declarou que a tradução latina da Bíblia, a Vulgata, era suficiente para qualquer discussão dogmática e só a Igreja tem o direito de interpretar as Escrituras

       - Manteve os sete sacramentos, o celibato clerical e a indissolubilidade do matrimónio;

       - Afirmação dos dogmas católicos da salvação pela graça e obras, da transubstanciação, definição das doutrinas relativas ao culto da Virgem, outros santos e das relíquias;

       - Mantiveram-se as indulgências, a doutrina do purgatório; definiu o sacrifício da missa e a renovação do catecismo;

       - Ao contrário dos anteriores, ficou estabelecida a supremacia papal.

       - No que diz respeito à melhoria da conduta do clero, o Concílio foi muito positivo. Formulou-se uma legislação com o objetivo de eliminar os abusos. Os sacerdotes deveriam residir junto às paróquias, os bispos, na sede episcopal, monges e freiras em seus mosteiros e conventos.

       Enquanto os protestantes afirmavam que a Escritura Sagrada deveria ser  a única regra a seguir como prática para os  cristãos, o Concílio colocava a tradição e os dogmas papais no mesmo pé de igualdade com a Bíblia. Outra resolução do Concílio de Trento que acentua a diferença entre católicos e protestantes foi a inclusão de livros dêuteros canónicos no cânon bíblico.

      Além da reorganização de muitas comunidades religiosas, novas ordens foram também fundadas, dentre as quais a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, cujo fundador foi Inácio de Loyola.

Os sobrenomes

     Este Concilio teve uma especial importância para a genealogia devido à resolução que determinava que toda a criança, para ser batizada na Igreja Católica deveria possuir um nome cristão e um sobrenome de familia. Desta forma, as famílias que ainda não o possuíam foram obrigadas a assumir um termo que os identificasse, o uso de sobrenomes familiares foi então implantado definitivamente.


     A aplicação das decisões saídas deste Concílio é rápida em Itália, Espanha e Portugal, mas mais demoradas em França devido às guerras da Religião. Estas decisões prolongam-se no importante movimento da Contra-Reforma ou Reforma católica, que transforma a vida espiritual dos cristãos em obediência romana.

    Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta protestante por causa dos pecados dos homens, “especialmente dos sacerdotes e prelados”. A cristandade a partir daí permaneceria definitivamente dividida entre católicos e protestantes, sem mencionar a divisão anterior, ocorrida em 1054 entre Igreja Cristã e Igreja Ortodoxa Grega.


Que não restem dúvidas, a Contra Reforma prosseguiu após este Concílio, tanto na liturgia, como nas ... fogueiras.

Fontes:
Astier et al., (2000), Memória do Mundo, Círculo de Leitores

sábado, 27 de agosto de 2011

O "fiel amigo"

"Bacalhau para os povos de língua portuguesa; Stockfish para os anglo-saxónicos; Torsk para os dinamarqueses; Baccalà para os italianos; Bacalao para os espanhóis; Morue, Cabillaud para os franceses; Codfish para os ingleses."


      Mundialmente apreciado, a história do bacalhau remonta a milénios atrás. Há registos de  fábricas para processamento do Bacalhau na Islândia e na Noruega no Século IX. 

     Contudo, são os Vikings os pioneiros na descoberta do cod gadus morhua, espécie que era farta nos mares que navegavam. Como não tinham sal, apenas secavam o peixe ao ar livre, até que perdesse quase um quinto do seu peso e "endurecesse como uma tábua de madeira, para ser consumido aos pedaços nas longas viagens que faziam pelos oceanos".



       Já os pioneiros no seu comércio foram mesmo os Bascos, habitantes das duas vertentes dos Pirinéus Ocidentais, do lado da Espanha e da França. Os Bascos conheciam o sal e existem relatos de que já no ano 1000, realizavam o comércio do bacalhau curado, salgado e seco.  Terá sido na costa de Espanha, então, que o bacalhau começou a ser salgado e depois seco nas rochas, ao ar livre, para que o peixe fosse melhor conservado.


Também houve Guerras...

      O bacalhau foi uma revolução. Na realidade, durante milénios os alimentos estragavam-se pela precária conservação, pelo que o seu comércio era limitado. O método de salgar e secar, além de garantir a sua perfeita conservação mantinha todos os nutrientes (e apurava o paladar).



      Desta forma, um produto de tamanho valor sempre despertou o interesse comercial dos países com frotas pesqueiras.

- Em 1510, Portugal e Inglaterra firmaram um acordo contra a França.
- Em 1532, o controlo da pesca do bacalhau na Islândia deflagrou um conflito entre ingleses e alemães conhecido como as "Guerras do Bacalhau".
- Em 1585, outro grande conflito envolveu ingleses e espanhóis.



      Efectivamente, ao longo dos séculos, várias legislações e tratados internacionais foram assinados para regular os direitos de pesca e comercialização do tão cobiçado peixe. Actualmente, com a espécie ameaçada de extinção em vários países, como o Canadá, tratados internacionais para controlo da pesca estão a ser revistos, para assegurar a reprodução e a preservação do "Príncipe dos Mares".

O "fiel Amigo"


"Devemos aos portugueses o reconhecimento por terem sido os primeiros a introduzir, na alimentação, este peixe precioso, universalmente conhecido e apreciado".
(Auguste Escoffier, chef-de-cuisine francês, 1903).

      Os portugueses descobriram o bacalhau no século XV, na época das grandes navegações. Precisavam de produtos que não se estragassem facilmente, que suportassem as longas viagens, que levavam às vezes mais de 3 meses de travessia pelo Atlântico.




      Realmente, foram feitas várias tentativas com vários peixes da costa portuguesa, mas foram encontrar o peixe ideal perto do Pólo Norte. Foram os portugueses os primeiros a ir pescar o bacalhau na Terra Nova (Canadá). Há registos de que em 1508 o bacalhau correspondia a 10% do pescado comercializado em Portugal.
      Já em 1596, no reinado de D. Manuel, mandava-se cobrar o dízimo da pescaria da Terra Nova nos portos de Entre Douro e Minho. Também pescavam o bacalhau na costa da África.
     Assim, o bacalhau foi imediatamente incorporado nos hábitos alimentares, sendo até hoje uma das principais tradições portuguesas. Tornámo-nos os maiores consumidores de bacalhau do mundo, designando-o por "fiel amigo".




"Este termo carinhoso dá bem uma idéia do papel do bacalhau na alimentação dos portugueses".
“Os meus romances, no fundo, são franceses, como eu sou, em quase tudo, um francês – excepto num certo fundo sincero de tristeza lírica que é uma característica portuguesa, num gosto depravado pelo fadinho, e no justo amor do bacalhau de cebolada!”Eça de Queiroz ( carta a Oliveira Martins )


A incerteza da pesca

      O bacalhau chegava a Portugal de várias formas. Até o meio do século XX, os próprios portugueses aventuravam-se pelos perigosos mares da Terra Nova, no Canadá, para a pesca do bacalhau.
      "Nos finais do séc. XIX, as embarcações portuguesas enviadas à pesca do Bacalhau eram de madeira e à vela, sendo praticada a pesca à linha. Tratava-se de uma prática muito trabalhosa, apenas rentável em regiões onde abundava o peixe. Este tipo de pesca era praticado a partir dos dóri: pequenas embarcações de fundo chato e tabuado rincado, introduzidas em Portugal nos finais do século passado."

( Extraído de Apontamentos Etnográficos de Aveiros  http://www.dlc.ua.pt/etnografia).







      "Na pesca do bacalhau, tudo era duplamente complicado. Maus tratos, má comida, má dormida...Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes" dizia Mário Neto, um pescador que viveu estes episódios e pode falar deles com conhecimento de causa.
      Quando chegava à Terra Nova ou Gronelândia, o navio ancorava e largava os botes. Os pescadores saíam do navio às quatro da manhã e só regressavam à mesma hora do dia seguinte, com ou sem peixe e uma mínima refeição: chá numa termos, pão e peixe frito. No navio, o bacalhau era preparado até às duas ou três da manhã. Às cinco ou seis horas retomava-se a mesma faina. Isto, dias e dias a fio, rodeados apenas de mar e céu. ... Vidas duras...!"
Teresa Reis
     
      Actualmente, Portugal importa praticamente todo o bacalhau salgado e seco que consome. Também importa muito bacalhau "verde", que é salgado e curado nas próprias indústrias portuguesas, como a Riberalves, localizada em Torres Vedras.


O "fiel amigo" e a Religião

      A Igreja Católica, na época da Idade Média, mantinha um rigoroso calendário onde os cristãos deveriam obedecer aos dias de jejum, excluindo de sua dieta alimentar as carnes consideradas "quentes". O bacalhau era uma comida "fria" e o seu consumo era incentivado pelos comerciantes nos dias de jejum. Com isso, passou a ter forte identificação com a religiosidade e a cultura do povo português.

      "O número de dias de jejum e abstinência a que se sujeitavam anualmente os portugueses era considerável, não se limitando ao período da Quaresma, a época do ano em que o bacalhau era "rei" à mesa. Segundo Carlos Veloso, durante mais de um terço do ano não se podia comer carne. Assim era na "Quarta-Feira de Cinzas e todas as Sextas e Sábados da Quaresma, nas Quartas, Sextas e Sábados das Têmperas, (n)as vésperas do Pentecostes, da Assunção, de Todos-os-Santos e do dia de Natal e ainda nos dias de simples abstinência, ou seja, todas as Sextas-Feiras do ano não coincidentes com dias enumerados para as solenidades, os restantes dias da Quaresma, a Circuncisão, a Imaculada Conceição, a Bem-Aventurada Virgem Maria e os Santos Apóstolos Pedro e Paulo."

      O rigoroso calendário de jejum foi, a pouco e pouco, sendo desfeito. Já a tradição do bacalhau  mantém-se forte nos países de língua portuguesa até aos dias de hoje, principalmente no Natal e na Páscoa, as datas mais expressivas da religião católica.


Comida de pobre?

      Durante muitos anos o bacalhau foi um alimento barato, sempre presente nas mesas das camadas populares. Era comum nas casas portuguesas e brasileiras servido às sextas-feiras, dias santos e festas familiares.
     Porém, após a 2ª Guerra Mundial, com a escassez de alimentos em toda a Europa, o preço do bacalhau aumentou, restringindo o consumo popular. Ao longo dos anos foi mudando o perfil do consumidor do bacalhau, e o consumo popular do peixe passou-se a concentrar, principalmente, na principal festa cristã: o Natal.



      Se por um lado é certo que no Sul de Portugal há outros pratos típicos de Natal, é no Norte que este prato assume por si só toda a importância da festa.
      Em Portugal são incontáveis o número de receitas culinárias com o "fiel amigo", existe para todos os gostos, de todas as formas e feitios.


     
      Conheço quem diga que bacalhau é óptimo todo o ano, mas no Natal tem um sabor especial.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rosas

      A Guerra das duas Rosas. Dá-se este nome a uma série de guerras civis dinásticas, longas e intermitentes,  travadas em Inglaterra pelas casas rivais de Lancaster e York, nos trinta anos que medeiam entre 1455 e 1485, durante os reinados de Henrique VI, Eduardo IV e Ricardo III.

      São assim chamadas devido aos símbolos de cada uma: a rosa vermelha da Casa de Lancaster; e a rosa branca da Casa de York.

Rosa Lancaster

Rosa York

Início

      Tudo se iniciou com a disputa da aristocracia pelo controlo do Conselho Real, por causa da menoridade de Henrique VI. Havia uma rivalidade entre dois aspirantes ao trono: Edmundo Beaufort (1406-1455), duque de Somerset, da casa de Lancaster, e Ricardo Plantageneta, terceiro duque de York. O primeiro apoiava Henrique VI e a rainha Margarida de Anjou. O segundo pôs em causa o direito ao trono de Henrique VI de Lencaster, um homem frio mas fraco, sujeito a fases de insanidade.

Henrique VI, ao assumir o poder em 1442, teve o apoio dos Beaufort e do duque de Suffolk, aliados da casa de York.

Um rei diferente

      Henrique VI definitivamente não era conveniente para tempos tão rudes. Rezava muito antes de cada refeição e mantinha sempre à mesa uma imagem de Cristo. Não dava a menor impotância a guerras, assim como as rivalidades entre os barões do reino tendiam a passar-lhe ao lado. A sua verdadeira felicidade consistia em ir à missa e estudar teologia.
      Em 1440, fundou a tradicional Escola de Eton e, cinco anos depois, mandou construir a capela King’s College, em Cambridge. A falta de apego pelas coisas terrenas e todos estes empreendimentos arruinaram as finanças reais. Enquanto nobres e mercadores enchiam os cofres de dinheiro, o rei vivia constantemente endividado. Em 1451, Henrique teve de pedir emprestado para conseguir celebrar o Natal. No Dia de Reis do ano seguinte, já sem crédito, ele e a rainha não puderam jantar.

Henrique VI
Margarida de Anjou

Guerras

      Os primeiros adversários foram o rei Henrique VI, de Lancaster, apoiado pela mulher, a rainha Margarida de Anjou, e Ricardo Plantageneta, 3.° duque de York. Os tempos eram de dificuldade para a Casa de Lancaster, no poder, fortemente abalada pela demência do rei e pelas derrotas militares do exército britânico em França durante a última fase da Guerra dos Cem Anos.

      Após ter derrotado os exércitos de Lancaster em Saint Albans, em 1455 e em Northampton em 1460, York reclamava para si o trono. No entanto, nesse mesmo ano, foi vencido e morto em Wakefield.



      Mas as disputas continuaram; apoiado por uma importante fação da nobreza, o seu filho Eduardo IV foi proclamado rei e, pouco depois, inflingiu uma derrota decisiva a Henrique e Margarida, que abandonaram a ilha; Henrique viria a ser capturado em 1465 e encarcerado na Torre de Londres.

 
Eduardo IV

      A guerra, no entanto, reacendeu-se, agora devido à divisão dentro da própria fação de York. Richard Neville, senhor de Warwick, apoiado por George Plantageneta, duque de Clarence, irmão mais novo de Eduardo, celebrou uma aliança com Margarida e liderou uma invasão a partir de França em 1470.

      Eduardo IV foi condenado ao exílio e o trono foi restituído a Henrique. Mas, neste tempo, as alianças eram bastante voláteis; pouco depois, Eduardo voltou à carga, agora apoiado pelo irmão, o duque de Clarence. Warwick foi derrotado e morto na batalha de Barnet (1471); a mesma sorte tiveram diversos elementos da Casa de Lancaster, batidos na Batalha de Tewkesbury; Henrique foi novamente capturado e executado na Torre.

Origem dos Tudors

      Eduardo IV morreu em 1483; um dos seus irmãos, Ricardo, tornou-se regente pelo sobrinho Eduardo V, de 12 anos. Poucos meses depois o rei e o irmão foram levados para a Torre de Londres e desapareceram; os rumores diziam que haviam sido assassinados pelo tio, que herdou o trono com o título de Ricardo III.
      Nesta altura a Casa de Lancaster apoiou as pretensões ao trono de Henrique Tudor, senhor de Richmond, mais tarde Henrique VII, que fugira ainda adolescente para a Bretanha. As disputas terminaram em 1485, quando Henrique desembarcou na Inglaterra com 5 mil homens e marchou para depor o rei.


Henrique VII


      No ano de 1485 as forças de Ricardo e de Henrique travaram a célebre Batalha de Bosworth Field, o último grande recontro da guerra. Ricardo tombou no campo de batalha; Henrique tornou-se rei de Inglaterra e casou com a filha de Eduardo IV, Elizabeth  e, em seguida, uniu as casas rivais.


Elizabeth de York

      Pode dizer-se que, com esta guerra, há um fortalecimento do poder da Coroa, visto ter havido a união das duas rosas. O Reino saiu bastante abalado mas a velha aristocracia manteve o seu posicionamento social; contudo, o prestígio e a força do novo monarca foram canalizados para a disciplinar; com a guerra, aliás, vieram as confiscações de propriedades e bens que serviram para ajudar a equilibrar as finanças do Estado.


A rosa actual é cor-de-rosa, símbolo da união da rosa vermelha e branca.





Fontes:
Guerra das Rosas. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-08-26].

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vincent

Por vezes, a tristeza, o desespero, a solidão em vida convertem-se em fama, prestígio e glória após a morte. Vincent Van Gogh é um eterno exemplo.




“Sinto que o supremamente artístico é amar as pessoas”.




      Theodorus van Gogh, pai de Vincent, era pastor protestant em Groot Zundert, uma pequena povoação do Brabante, situada a cerca de 80Km de Breda, sul da Holanda. A sua mãe, Anna Cornelia Carbentus, era filha de um encadernador da corte de Haia. O pequeno Vincent nasceu no dia 30 de Março de 1853, na casa anexa à Igreja de Zundert, um ano após a morte de um outro irmão seu, a quem tinham atribuído o mesmo nome.

      A 1 de Maio de 1857 nasceu o seu irmão Theodorus (a quem chamavam Theo). Durante toda a sua vida, Vincent esteve sempre muito ligado a este seu irmão. Aliás, foi através deste irmão e de cartas trocadas entre ambos que hoje em dia se conhece a vida de Vincent.
      Devido à falta de dinheiro da família, Vincent viu-se obrigado a abandonar a escola muito cedo, tinha 15 anos, sendo obrigado a procurar emprego.

Van Gogh, 19 anos

      No verão de 1869, o seu tio, negociante de arte, fez com que Vincent, então seu aprendiz, começasse a trabalhar numa filial em Haia. De acordo com cartas e registos de então, Vincent era exemplar.
      Com quase vinte anos, foi morar em Londres e depois em Paris, graças ao reconhecimento que teve. Porém, muitas vicissitudes e recusas de amor foram, a pouco e pouco, levando a que se fosse descuidando cada vez mais o emprego. É de referir que uma das suas maiores distracções eram mesmo a pintura e os os assuntos religiosos, nomeadamente o estudo Bíblico.



      Em 1877 resolveu estudar Teologia, na cidade de Amsterdão. Mesmo sem terminar o curso, passou a actuar como pastor na Bélgica, por apenas seis meses. Impressionado com a vida e o trabalho dos pobres mineiros da cidade, elaborou vários desenhos a lápis. Refira-se que se dedicou totalmente aos pobres e doentes, a quem deu todos os seus pertences.



      Resolveu retornar para a cidade de Haia, em 1880, e passou a dedicar um tempo maior à pintura. Após receber uma significativa influência da Escola de Haia, começou a elaborar uma série de trabalhos, utilizando técnicas de jogos de luzes. Neste período, as suas telas retratavam a vida quotidiana dos camponeses e trabalhadores na zona rural da Holanda.





      Até 1886, a sua vida terá sido infernal, desde a morte do seu pai, até acusações sem fundamento, Vincent mudou diversas vezes de casa, de cidade e mesmo de país. Já o ano de 1886, foi de extrema importância na sua carreira. Foi morar para Paris, com o seu irmão. Conheceu, na nova cidade, importantes pintores da época como, por exemplo, Emile Bernard, Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgar Degas, representantes do Impressionismo. Recebeu uma grande influência destes mestres do impressionismo, como podemos perceber em várias das suas telas.


       Dois anos após ter chegado a França, parte para a cidade de Arles, no sul do país. Uma região rica em paisagens rurais, com um cenário bucólico. Foi neste contexto que pintou várias obras com girassóis. 
      Convidou Gauguin para morar com ele no sul da França. Este foi o único que aceitou a sua ideia de fundar um centro artístico naquela região. No início, a relação entre os dois era tranquila, porém com o tempo, os desentendimentos foram aumentando e, quando Gauguin retornou para Paris, Vincent entrou em depressão. Em várias ocasiões teve ataques de violência e o seu comportamento ficou muito agressivo. Foi neste período que chegou a cortar a sua orelha.

A orelha.

      A convivência com o famoso Gauguin tornara-se impossível. A 23 de Dezembro de 1888, depois de mais uma violenta discussão, Van Gogh - tal como conta Gauguin: "seguiu-me até à rua e ameaçou-me com uma navalha de barbear".
      Nessa mesma noite, Vincent corta o lóbulo da sua orelha direita, embrulha num jornal e leva a uma prostituta sua amiga, Raquel, como presente. Na manhã seguinte, o seu amigo Roulin encontra Vincent encharcado em sangue na cama da sua Casa Amarela. Foi de imediato levado para o Hospital de Arles, mas a população da cidade opôs-se a tal internamento, pois considerava-o "um louco perigoso", exigindo que saísse da localidade.



      A 8 de Maio, Vincent acabou por ingressar voluntariamente no hospital psiquiátrico de Saint-Paul de Mausole, em Saint-Rémy. O diagnóstico do médico Peyron apontava para epilepsia. Nos dias seguintes, Van Gogh melhorou, podia agora pintar, desenhar e falar com outros pacientes.

     O seu irmão Theo, terá sido o seu grande apoio, quer moral, quer financeiro. Theo aguentou firmemente as suas repentinas mudanças de humor, chegando a escrever:

" É como se existissem nele duas pessoas distintas - a primeira, terna, sensível, com qualidades extraordinárias; a segunda, egoísta e de coração duro."

      Entretanto, a mãe de Vincent muda de casa, e muitas, muitas das suas obras acabaram por se perder.

      O seu estado psicológico chegou-se a reflectir nas suas obras. Deixou a técnica do pontilhado e passou a pintar com rápidas e pequenas pinceladas.



A doença




“Após a experiência dos ataques repetidos, convém-me a humildade. Assim pois: paciência. Sofrer sem se queixar é a única lição que se deve aprender nesta vida”.


      No Verão de 1889, Vincent sofreu um grave ataque, chegando mesmo a comer algumas das suas pinturas; no entanto, nas suas cartas encontram-se expressões de extraordinária lucidez e consciência de tudo o que o rodeia, mesmo do seu estado mental. Além disso, durante o seu pior momento (do ponto de vista médico), em Saint-Rémi, pintou 150 telas e, como escreve Bernard "talvez nunca tenha pintado tão bem".

      Na clínica psiquiátrica, dentro de um mosteiro, havia um belo jardim que passou a ser sua fonte de inspiração. As pinceladas foram deixadas de lado e as curvas em espiral começaram a aparecer nos seus trabalhos.

      No mês de maio, deixou a clínica e voltou a morar em Paris, próximo do seu irmão e do doutor Paul Gachet, amigo de diversos pintores, que o iria tratar. Este médico foi retratado num dos  seus trabalhos: Retrato do Doutor Gachet:


1890

      O ano de 1890 não poderia ter começado da melhor forma. Theo conseguiu vender o primeiro quadro de Vincent : O Vinhedo Vermelho. Exceptuando este quadro, Vincent nunca conseguiu vender qualquer obra sua. Ninguém conseguia gostar.
      Tudo indicava que a mudança para Auvers e a amizade com o Dr. Gachet tinham devolvido a serenidade a Vincent. Nos dois primeiros meses que passou em Auvers pintou cerca de 80 quadros.   
      Porém, em Julho, viu-se muito afectado pelas dificuldades económicas de Theo, que sempre o sustentara. Nas suas cartas, encontram-se amargas considerações sobre os negociantes de arte e a cruel realidade que faziam com que as obras de um artista morto valessem mais do que as de um artista vivo.



      A 27 de Julho saiu para pintar ao ar livre. Ao voltar, à noite, refugiou-se no seu quarto, onde após intensas dores, resolver alertar o casal Ravoux, em cuja casa estava hospedado. Disse-lhes que tinha acabado de dar um tiro em si próprio.
      Terá sido prontamente atendido por Gachet, enquanto Theo corria a toda pressa para Auvers.
     
      Vincent morre no dia 29, depois de ter passado o dia a fumar cachimbo e a falar com Theo.
       Curiosamente, Theo faleceu no ano seguinte, a 25 de Janeiro de 1891, tendo os seus restos mortais sido depositados ao lado do seu irmão, Vincent.




Considerações actuais da doença

      A doença de Van Gogh foi analisada durante os anos posteriores e existem várias teses sobre o diagnóstico. Alguns, como o doutor Dietrich Blumer, mantêm o diagnóstico de epilepsia do lobo temporal, agravada pelo uso do absinto, que o pintor bebia. O absinto possuía como principal ingrediente uma planta alucinogénica de nome Artemisia absinthium e a sua graduação alcóolica era de 68%. Conhecido como "fada verde", devido aos efeitos colaterais, foi responsabilizado por alucinações, surtos psicóticos e mesmo mortes.



      Existem outras hipóteses diagnósticas para Van Gogh, dentre elas a esquizofrenia e o transtorno bipolar, sendo o último o diagnóstico mais consensual entre os especialistas.
      Na família de Van Gogh existem outros casos de transtorno mental. O seu irmão Theo faleceu de “demência paralítica” causada pela sífilis, mas há relatos de que sofria de depressão e ansiedade ao longo da vida. A sua irmã, Wilhelmina, era esquizofrénica e viveu por 40 anos num manicómio. O irmão Cornelius também cometeu suicídio, aos 33 anos.

Cartas a Theo

O conhecido livro “Cartas a Theo” é um texto epistolar cheio de paixão e de cores, formado pelas cerca de 800 cartas dirigidas pelo pintor ao seu irmão e confidente, Theo Van Gogh. Nelas, o autor fala do seu sofrimento, das esperanças e dos desesperos, dos achados artísticos, das inúmeras dificuldades económicas e da terrível evolução da doença.


Após a sua morte, o retrato que tinha feito do psiquiatra do Hospital de Arles, Félix Rey, apareceu tapando um buraco na chaminé do seu quarto. Outro quadro, que ofereceu ao director do Hospital de Saint-Rémy, foi usado durante muito tempo como alvo para os dardos dos filhos do médico.




Em 1971, Don McLean compõe um tributo ao pintor: Vincent (Starry, Starry Night)




Actualmente, um quadro de Vincent Van Gogh, não tem preço.




Fontes:
http://www.suapesquisa.com/vangogh3/
http://www.saude-mental.net/pdf/vol7_rev3_leituras2.pdf
Van Gogh, a Utopia-Os grandes Mestres da Arte, 2003, Porto Editora.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tratado de Windsor

Assinado em 1386 entre Portugal e Inglaterra, o Tratado de Windsor é o tratado mais antigo de todo o mundo ainda em vigor.


      Após a vitória portuguesa de Aljubarrota sobre os Castelhanos, em 1385, o rei D. João I tratou desde logo de informar os seus aliados ingleses através do duque de Lencastre. O rei estava bem ciente de que a paz com Castela enfermava de algumas vicissitudes de índole política, o que implicava encontrar um equilíbrio externo para defender o reino no caso de um eventual conflito armado com o reino vizinho. Mais do que uma aliança permanente, importava garantir o futuro político português como nação independente, pretendendo para isso renovar os acordos de amizade e apoio mútuo de 1373 entre Portugal e a Inglaterra ("Aliança Anglo-Portuguesa"). É de realçar que a vitória em Aljubarrota teve o apoio de tropa inglesas, exactamente devido à Aliança de 1373.





      D. João I foi reconhecido como rei de Portugal, pondo um fim à crise de sucessão de 1383-1385 e à anarquia que grassava no território português. O reconhecimento pelo reino de Castela dar-se-ia apenas em 1411, com a assinatura do Tratado de Ayton-Segovia.

D. João I


      D. Fernando de Albuquerque (mestre de Sant'Iago) e o chanceler Lourenço João Fogaça deslocaram-se então ao território inglês para negociar com Inglaterra um acordo de aliança política e militar, favorável a ambos. Ricardo II, rei da Inglaterra, impôs um salvo-conduto para que os dois emissários estabelecessem livremente contactos. O rei inglês, após as primeiras conversações, nomeou então três procuradores para a elaboração do texto final do tratado de amizade com Portugal. O tratado foi finalmente assinado a 9 de maio de 1386, tendo cinco procuradores testemunhado a assinatura do acordo entre o soberano e os delegados régios portugueses.

O Tratado

      Este tratado possuía carácter quer defensivo, enquanto salvaguarda dos interesses de ambas as partes, em aliança, contra inimigos que passavam a ser comuns, quer ofensivo, porque visava uma colaboração entre Portugal e Inglaterra contra Castela e França. Todavia, era também uma aliança que visava a manutenção do bem e da tranquilidade públicos das populações dos reinos de Inglaterra e Portugal.

      O comércio marítimo era também um dos assuntos incluídos no contrato. De acordo com o tratado de Windsor nenhuma das partes contratantes poderia fretar navios ou embarcações inimigas ou prestar socorros a nações que se encontrassem em conflito com qualquer um dos reinos. Se alguma das partes tomasse conhecimento de algo que fosse contra as disposições do tratado ou os interesses da outra parte, teria que intervir rapidamente de forma a que depressa se eliminasse esse perigo ou infração do tratado. Nenhuma outra aliança firmada na Europa tinha ido tão longe.




      A aliança apenas se tornou forte devido a razões económicas e geográficas, já que os interesses políticos de ambas as nações nem sempre respeitaram o tratado. Apesar disso, o comércio bilateral floresceu através dos armazéns ingleses no Porto: bacalhau e tecidos eram trocados por vinho, cortiça, sal e azeite.

Um casamento





      Na sequência deste acordo dá-se o casamento de D. João I com a princesa D. Filipa, filha de D. João de Gant, duque de Lencastre, na cidade do Porto. Encontrando-se o reino português fortalecido com o auxílio e amizade estratégica da Inglaterra, o monarca português estava escudado diplomaticamente para estabelecer tréguas com o reino de Castela, o que progressivamente foi conseguindo.
 D.João I e  rainha D.Filipa no Porto, após o casamento

Filipa de Lencastre

      Filipa de Lencastre nasceu em Inglaterra em 1360, filha do duque de Lencastre. Nada se sabe da sua vida até à altura do casamento com D. João I, que se efetuou no Porto, em 2 de fevereiro de 1387, e que é considerado ilegítimo até 1391, altura em que uma bula papal autoriza o casamento do Mestre de Avis, que era eclesiástico.

      Dessa união nasceram oito filhos - a "Ínclita Geração", como lhe chamou Camões; contudo, não se sabe com certeza qual o real papel que teve na educação dos filhos. Apenas se sabe com certeza que manteve sempre grande ligação com a Inglaterra, vivendo rodeada, na corte, de súbditos ingleses.


      Além do papel que terá desempenhado no estreitar de relações entre Portugal e a Inglaterra, parece ter exercido alguma influência sobre D. João I, com realce para o apoio à conquista de Ceuta. Era muito religiosa, por vezes fanática.
      Morreu de peste em 18 de julho de 1415, na véspera da partida da expedição a Ceuta, estando sepultada no Mosteiro da Batalha.

Mosteiro da Batalha
Invocações ao Tratado

O tratado de Windsor, ainda válido, estabelece um pacto de apoio mútuo entre Portugal e Inglaterra (hoje o Reino Unido).
  • Durante a dinastia Filipina, de 1580 a 1 de Dezembro de 1640, dada a união ibérica e a guerra entre Espanha e Inglaterra, o tratado foi suspenso, permitindo confrontos como o saque da Nau portuguesa Madre de Deus em 1592.
  • O Reino de Portugal usou-o em 1640, para expulsar os reis de Espanha (da casa dos Habsburgos).
  • No século XIX o governo britânico contornou o tratado ao responder com um ultimato a Portugal quando este, por ocasião da Conferência de Berlim, apresentou um projecto — Mapa Cor-de-Rosa — em que reivindicava o território entre Angola e Moçambique.
  • Já no século XX, o Reino Unido invocou-o por ocasião da Primeira Guerra Mundial, em Maio de 1916, pedindo o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra de Portugal em relação à Alemanha e seus aliados, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).
  • Voltou novamente a ser invocado na Segunda Guerra Mundial e, apesar da simpatia do regime de então pelas potências do Eixo, permitiu o uso da Base das Lajes pelos Aliados.


Fontes:
Tratado de Windsor - 1386. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-08-22].
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Windsor_(1386)