Perdida na História

Perdida na História

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"O maior tesouro"

Saiu recentemente uma notícia que revela que terá sido encontrado o navio mercante britânico SS Gairsoppa, afundado durante a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que a fortuna que ali repousa seja de pelo menos 170 milhões de euros, o maior tesouro de sempre alguma vez resgatado.


"São 200 toneladas de prata que estão prestes a ser resgatadas pela empresa norte-americana de exploração aquática Odyssey Marine. Se a operação for bem sucedida, a empresa ficará com 80% do valor da carga, de acordo com o contrato firmado com o governo britânico."

O navio

     O navio SS Gairsoppa regressava ao Reino Unido, depois de uma expedição à Índia. Porém, devido às péssimas condições atmosféricas e à perda de combustível, o navio desviou-se da coluna militar em que seguida, passando-se a dirigir para o porto de Galway, na Irlanda, para abastecer. Terá sido nessa altura  que foi localizado e afundado pelo submarino alemão U101.



      Da tripulação de 85 membros, apenas uma pessoa conseguiu sobreviver ao naufrágio.



A Descoberta

      "O navio foi encontrado a 380 quilómetros a sudoeste da costa irlandesa", disse a empresa na segunda-feira, a partir de um submarino controlado remotamente. "Guarda 270 toneladas de prata e existe a possibilidade de algumas peças conterem ouro".




      "A operação para recuperar o tesouro está agendada para a primavera de 2012. O contrato determina que os destroços sejam cuidadosamente observados devido à eventualidade de existirem restos mortais, embora o principal arqueólogo marinho a acompanhar as operações no Atlântico Norte, Neil Dobson, afirme que tal seja “altamente improvável” pela distância temporal e pela profundidade a que o navio se encontra, informa a BBC".







Fonte:
 http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1189061.html#page=18
http://www.bbc.co.uk/news/uk-15061868

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lucrécia

Com uma família muito carismática e poderosa, Lucrécia Bórgia permanece na História como um verdadeiro enigma. São-lhe atribuídos verdadeiros actos de horror, desde envenenamento, a assassinatos, a conspirações... No entanto, tudo parece mudar de forma quando confrontado com documentação da época. Santa ou vilã? Uma certeza existe: a sua vida foi extremamente difícil.



      Durante todo o dia 4 de Setembro, de 1501, os canhões do Castelo de Sant'Angelo, Roma, não pararam de troar. A filha biológica do Papa Alexandre VI Bórgia acaba de desposar o herdeiro do ducado de Ferrara, tendo assim, ingressado numa das mais importantes famílias de Itália, por meio de um dote prodigioso. Tem 21 anos e Afonso é o seu terceiro marido.
      O seu primeiro marido fora afastado por seu pai; o segundo, assassinado pelo seu irmão: qualquer que tenha sido o papel da bela Lucrécia no fim dos seus casamentos, a verdade é que é perseguida por uma reputação explosiva...

A filha querida

      Alexandre VI é ainda o cardeal Rodrigo Bórgia quando em 1480 a sua favorita, Vanozza Catanei traz Lucrécia ao mundo. Eclesiástico muito apreciado no meio feminino, ele tem já filhos de outras ligações, e Vanozza dá-lhe também três rapazes: César, João e Jofre. Na Igreja, antes da Contra-Reforma, os prelados têm uma vida de verdadeiros senhores, mais do que eclesiásticos, e a situação de Rodrigo não é excepcional. De facto, além de ser pai, Rodrigo tem uma verdadeira paixão pelos filhos.
     

      Quando completou nove anos, Lucrécia foi separada dos irmãos: João seguiu para a Espanha. César,  obrigado pelo pai, entra para a vida religiosa, mesmo sem a menor vocação (aliás, mais tarde abandona o sacerdócio); e a própria Lucrécia foi enviada para a casa de Adriana de Milão, dama da nobreza e viúva, a fim de receber uma educação erudita ao lado da rigorosa senhora. Adriana era a mãe de Orsino Orsini, rapaz com a mesma idade de Lucrécia e recém-casado com uma jovem beldade de 14 anos chamada, Júlia Farnésio. Júlia apesar de casada, logo se torna amante do cardeal Rodrigo Bórgia, pai de Lucrécia, todos foram coniventes com isso, devido ao alto cargo do cardeal.

      Aos doze anos, Lucrécia vê o pai tornar-se Papa, Alexandre VI, instalando toda a família num palácio contíguo ao Vaticano, Santa Maria in Portico. Além de Lucrécia e de Vanozza, vivem também no palácio Júlia Farnésio-a sua nova concubina- e Adriana de Milão.
      Por incrível que pareça, as três mulheres vivem em harmonia, e Lucrécia cresce feliz.  Se por um lado tentam designá-la como sobrinha do pontífice, ninguém ignora a verdadeira origem de Lucrécia.
      O próprio Savonarola diz que "os mais altos dignitários, cardeais ou embaixadores, vêm submeter as suas petições às mulheres do papa",  além disso, este mesmo pregador vocifera em toda a Florença contra os vastos e longos pecados do papa.    

Lucrécia


O pesadelo do 1º casamento

      Alexandre ama a filha e preocupa-se em lhe arranjar um bom casamento. Com 13 anos, a rapariga é um partido muito atraente, a sua beleza em breve se torna célebre. Além da sua estonteante beleza, com os seus longos e esbeltos cabelos ao vento, contra as convenções da época, Lucrécia leva consigo algo muito mais atraente: muito dinheiro e muitos benefícios eclesiásticos, bem mais atraentes do que a rapariga.


     
      O marido escolhido é João, conde de Pesaro, membro da poderosa casa dos Sforza, dona do ducado de Milão. Em breve, o papa arrepende-se de tão vil escolha. Além de maltratar a esposa, o conde não tem hipóteses de herdar o ducado. A juntar a tudo isto, começam as guerras de Itália. O rei de França, aliado dos Sforza, parte em conquista de Nápoles, dependência de Aragão. O papa não pode aceitar que os seus território fiquem entalados entre o Norte e o Sul, entre duas potências aliadas (a Norte os Sforza, a Sul o rei de França a controlar Nápoles), partindo em defesa dos Aragoneses.
      Conscientes da situação, a família Sforza faz correr o boato que o papa está prestes a assassinar Pesaro com a cumplicidade de Lucrécia. Com este embuste, Lucrécia adquire a fama de "envenenadora".

      O papa pretende libertar rapidamente a sua filha da família Sforza. Para tal, intima João Sforza a reconhecer que não consumou o matrimónio. Até neste episódio a astúcia Sforza se fez sentir. João divulga aos quatro cantos que o papa quer a dissolução do matrimónio para seu próprio uso. Desta vez, é o próprio amor paterno que está em causa: Lucrécia vê-se em volta de um manto de boatos, que corre por toda a Itália, de que mantém relações incestuosas com o próprio pai...

Novamente, pretendentes.

      As horríveis e infernais calúnias que perseguem Lucrécia não fazem, contudo, diminuir o número de pretendentes. César Bórgia, filho do papa e irmão de Lucrécia, comanda os exércitos papais e aspira a uma união com o Reino de Nápoles. É de todo conveniente que Lucrécia case com Afonso Biscèglie, filho bastardo do soberano deste reino. As bodas são celebradas em 1497.



Mudança de planos

      Em 1500, César Bórgia, que entretanto revira as suas alianças e concluíra um pacto com França, assassina friamente o jovem cunhado. Lucrécia nada tem a ver com este crime. Curiosamente, ou não, toda a Itália a aponta como a verdadeira culpada. A jovem a quem nunca ninguém perguntou opinião, volta a casar, um ano depois.

Dama Ferrara

      O novo eleito é o duque de Ferrara. Mas Lucrécia não é mais criança, e o pai confia-lhe responsabilidades. Nomeia-a aos 19 anos governadora de Spoleto, alto cargo até então reservado a prelados. Espantosamente, Lucrécia governa realmente: organizando um corpo de polícia ou concedendo tréguas à cidade vizinha.
      


      Em 1501, durante algumas semanas, Lucrécia é mesmo incumbida de dirigir a Igreja, enquanto o papa vista os seus territórios. Instalada nos aposentos papais, ela trata dos assuntos correntes e abre o correio papal. Contudo, é no papel de Dama de Ferrara que Lucrécia atinge a sua verdadeira dimensão. Acolhida inicialmente com suspeição, em breve conquista a lealdade dos súbditos, pela constância que impõe na governação. Lucrécia atrai para o ducado poetas como Pietro Aretino ou Pietro Bembro.

Morte do Papa

      Em 1503 morre o papa. Lucrécia retoma então o sonho dos Bórgia, constituindo um Estado territorial na Itália Central e comprometendo-se a auxiliar César Bórgia, recrutando-lhe tropas.
       Porém, o novo papa, em tudo hostil aos Bórgia, desencadeia em 1509 as hostilidades contra o duque de Ferrara, que permanece fiel ao rei de França. Na ausência do marido, Lucrécia toma em mãos os assuntos do Estado, prosseguindo a resistência até à morte de Júlio II, em 1513.

A resistência

       Toda a sua resistência talvez tivesse uma conotação religiosa. Em 1519, exactamente no ano da sua morte, Lucrécia converte-se à Reforma, proclamada apenas dois anos antes por Lutero. Esta mulher conhece melhor do que ninguém a religião Católica, e principalmente os seus Costumes, escolhendo o campo daqueles que a querem transformar.
     
       Contudo, outras fontes referem que Lucrécia terá permanecido católica até ao fim, pedindo mesmo uma benção a Leão X, o novo papa, aquando das severas complicações que sofreu num parto, complicações essas de que virá a falecer.
      Infelizmente, a História nunca lhe perdoará: os horrores que lhe são atribuídos pelos contemporâneos serão repetidos, repetidos, repetidos, ecoando por toda a História. 

Fonte: Astier et al., (2000), Memórias do Mundo, Circulo de Leitores

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Al Capone e o Dia de São Valentim

Não é muito conhecido, mas um dos mais famosos criminosos dos USA, Al Capone, tinha estado já preso antes da sua tão famosa prisão por fuga aos impostos. Ocorreu após o massacre do dia de São Valentim.
Detenção
      Decorria o ano de 1929 e Al Capone, juntamente com o seu guarda-costas, foi preso por posse ilegal de uma arma de calibre 38. A captura ocorreu em Filadélfia, em frente a um cinema. Contudo, se por um lado Chicago continha a respiração perante a detenção de tão perigoso homem, o próprio Al Capone terá festejado o acontecimento.

Al Capone, na Time
Motivos
     O próprio gangster declara-se culpado. Que forte motivo terá levado a tão arriscada decisão? Al Capone era investigado por vários crimes, ligados a vários ramos do crime organizado, na época da Lei Seca americana. Al Capone aceita, efectivamente, um ano de prisão na  Penitenciária Eastern State dispensando a liberdade que poderia ser facilmente comprada pela fiança de 35 000 dólares.
      O facto é que, estando preso, Al Capone conseguia habilmente liderar todos os seus subordinados no perigoso submundo de Chicago – e, o que é melhor, agora contando com protecção máxima e gratuita fornecida oficialmente pelo governo americano. Al Capone tinha todos os motivos para se retirar de Chicago.

São Valentim
      É claramente sabido que, durante a Lei Seca, havia centenas de carregamentos de bebidas alcoólicas a entrarem ilegalmente nos USA. Por traz disto estariam diferentes grupos de crime organizado, entre eles o grupo liderado pelo perigoso Al Capone.
      No dia 14 de Fevereiro de 1929 são encostados à parede de uma garagem 7 homens e, seguidamente, fuzilados. Tudo acontece da forma mais inacreditável possível. Entram no local dois policias, ordenando aos indivíduos presentes que se encostassem à parede, com as mãos levantadas, para que a polícia conseguisse verificar se estavam na posse de armas. Faz-se um sinal, e entram mais indivíduos no local. Aparentemente não houve resistência, pois devem ter acreditado tratar-se da polícia, fazendo uma exibição para saírem bem nos jornais do dia seguinte. As rajadas começaram, vindas de sub-metralhadoras Thompson. Foram contadas setenta cápsulas das armas.


       Na manhã seguinte, os elementos mortos são identificados como pertencentes ao grupo criminoso liderado por Bugs Moran, um polaco-irlandês também residente nos USA. Aliás, sabe-se que muito do que aconteceu, ter-se-á devido a uma possível confusão: os assassínos pensaram ter identificado no local o próprio Bugs Moran, sendo a altura ideal para o fuzilar.
O grupo identificado era:
·      Peter Gusenberg, um assassino.
·      Frank Gusenberg, o irmão de Peter Gusenberg e também outro assassino. Morreu três horas depois da chegada da polícia.
·      Albert Kachellek, conhecido como "James Clark", o braço direito de Moran.
·      Adam Heyer, o contador e chefe administrativo de Moran.
·      Reinhart Schwimmer, acompanhante dos criminosos, apesar de não haver qualquer crime da sua autoria (que se saiba).
·      Albert Weinshank, quem limpava o terreno para as operações de Moran. Provavelmente confundido com Moran na noite do crime.
·      John May, um mecânico legalizado, casado e com sete filhos, o que provavelmente o levara a aceitar serviço ilegal.

       Uma das vítimas encontradas agonizante, Frank Gusenberg, quando perguntado sobre quem o havia baleado, respondera: "I'm not gonna talk - nobody shot me" ("Eu não vou falar - ninguém me baleou"). Foram contados 14 ferimentos de bala no corpo.

Culpados?

      Inicialmente, o então designado “Massacre do Dia de São Valentim” foi atribuído à Policia americana, alegando-se represálias pelo tráfico de álcool. Mais tarde, chegou-se a diferentes conclusões. Tudo indicava que os policias que entraram na garagem não eram na realidade polícias, mas sim membros do gang de Al Capone, rival do grupo de Bugs Moran. Aproximadamente um ano após o assassínio, a polícia invadiu a casa de Fred Burke, um assassino profissional, por vezes contratado por Capone. Foram, então, encontradas as armas usadas no Massacre do Dia de São Valentim. Burke nunca foi acusado de ter participado do morticínio, sendo apenas condenado pelo assassínio de um polícia no estado do Michigan.
      Ninguém sabe com clareza quem cooperou no massacre, mas os mais prováveis suspeitos eram Jack McGurn, Tony ‘Joe Batters’ Accardo, George Ziegler, Claude Maddox, Gus Winkler e Guindaste Neck Nugent, todos amigos privados de Al Capone.
De mãos atadas

      Nessa noite, Al Capone fez várias aparições na Flórida, local onde estaria a passar férias. A polícia, apesar de ter várias suspeitas óbvias relativamente ao envolvimento de Capone no assassínio, nada pôde fazer, visto não terem provas que o ligassem àquela noite. A polícia saiu de mãos atadas.
      Em Março do mesmo ano, Capone foi detido por um delito menos grave, ofensas em tribunal, pelo que para ser liberto deveria pagar uma fiança de $1 000. Al Capone, como bom cidadão que era, deixou não $1 000, mas $5 000, saindo sarcasticamente em liberdade.



 Ajuste de contas
      Apesar de a polícia não o conseguir ligar ao crime, no submundo de Chicago, os diversos gangs não tinham dúvidas do seu envolvimento. Sedentos por vingança, os gatilhos dos rivais irlandeses de Bugs Moran continuavam a procurá-lo em Chicago. Era chegada a hora então de um período sabático – que o gangster resolveu passar na Filadélfia, aceitando de boa vontade ser detido, sem pagar a fiança.
Férias na cadeia
      De acordo com fontes da altura, as paredes da cela do criminoso terão sido testemunhas de todas as regalias e de todas as faustosidades, nunca antes concedidas a um criminoso. A sua cela foi transformada numa espécie de quarto de hotel,
“Com tapetes macios, cortinas de chita, uma confortável poltrona, um requintado abajôur, uma escrivaninha e um portentoso rádio que povoa com acordes de valsa o ar da câmara do mafioso. Quadros de extremo bom gosto disfarçam as paredes cinza da célula. Ao menos por enquanto, não há telefone no recinto – mas o fora-da-lei está autorizado a fazer chamadas de longa distância da sala do director. Também estão liberadas as visitas, e os escudeiros Frank Nitti e Jack Guzik, além do mano Ralph Capone, já são figurinhas previsíveis como visitas em Filadélfia. A mordomia é tanta que "Scarface " já encontrou tempo até para remover as suas amígdalas no hospital da penitenciária. O período de resguardo pós-operatório foi deveras tranquilo.”

Cela de Al Capone, anos depois
Pressão
      A opinião pública, no entanto, não estava de acordo com aquilo que se fazia ouvia. A polícia, por seu lado, tentava por todos os meios ligá-lo à noite do crime de 14 de Fevereiro. É de referir que terão havido outros crimes igualmente hediondos, onde Al Capone teve a sua assinatura.
      Contudo, mais uma vez a polícia não tinha meios para o ligar aos crimes, pois ou não estava no local, ou nunca havia quem o denunciasse ou, evidentemente, nunca terá sido apanhado em flagrante. Parecia não haver meios para o ligar ao crime. Até que a polícia começa a apostar numa outra linha de investigação: fuga aos impostos. Pensa-se que, desde 1924, Al Capone terá facturado com as actividades ilegais cerca de 100 milhões de dólares, nunca declarados. Por vezes referia-se a isso no seu círculo privado:
"Afinal, o governo não pode legalmente recolher impostos de dinheiro ilegal".

O declínio
      O massacre terá ditado o declínio do poder criminoso de Bugs Moran. Conseguiu manter o controle do seu território até o início dos anos de 1930, até ser sucedido por Frank Nitti. Em 1931, Capone foi condenado por evasão de impostos e ficou preso por 11 anos.

      Ao contrário do que se possa pensar, para Al Capone a cadeia serviu como protecção e não como meio de penitência. Ali, continuou sempre a actuar sempre que possível, mas sempre sob a protecção governamental. Esteve 11 anos preso, definhando visivelmente, principalmente devido à doença sífilis.
      Morreu a 25 de Janeiro, de 1947, de peneumonia a ataque cardíaco, já em casa.


Fontes: 
http://www.diario-universal.com/2007/02/aconteceu/massacre-do-dia-de-sao-valentim/
http://www.fbi.gov/about-us/history/famous-cases/al-capone
http://veja.abril.com.br/historia/crash-bolsa-nova-york/al-capone-prisao-scarface-mafioso.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_do_Dia_de_S%C3%A3o_Valentim

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A rainha trágica

Isabel I, rainha de Inglaterra, poderia ter mandado executar a sua prima Maria Stuart, secretamente, por razões de Estado. Porém, a lei que fizera votar em 1585, punindo com a morte qualquer pessoa que tivesse participado numa conspiração contra ela, fornece-lhe uma arma legal. Em Outubro de 1586, manda comparecer a ex-rainha da Escócia perante uma comissão especial de 46 membros. Um processo com provas falseadas?

      O círculo volta a fechar-se

      Maria Stuart, Queen of Scots, tem 44 anos no momento do processo. A sua vida não terá passado de uma sequência de acontecimentos trágicos. Filha de Jaime V da Escócia, torna-se rainha da Escócia com apenas uma semana de idade, rainha de França durante um ano, católica, muito bela, ela regressa ao seu país natal em 1561, com 19anos, depois da morte do marido, Francisco II rei de França, encontra um reino agitado pela Reforma.

Maria Stuart


      Manobrando entre as diversa facções, hesitando entre diferentes partidos matrimoniais, volta a casar-se com o seu primo, Henrique Stuart Darnley, do qual tem um filho. Sabe-se que Darnley era profundamente incompetente e muito ausente, por isso, a rainha era frequentemente vista na companhia de músicos, entre os quais um músico italiano Rizzio. A juntar ao conjunto de péssimas qualidade, Darnley era também extremamente ciumento, de tal forma que mata Rizzio em frente à rainha. Ela nunca o perdoará tal ofensa. Após inúmeras traições amorosas à sua esposa e rainha, Darnley é assassinado, provavelmente pelo homem que Maria vem a desposar depois, Lord Bothwell.

Maria Stuart

      Todas estas peripécias fazem escândalo, servindo de pretexto para a revolta dos nobres protestantes. Constrangida a abdicar, Maria Stuart refugia-se em casa de sua prima, a protestante Isabel de Inglaterra, que a mantém sob residência vigiada.

Isabel I, rainha de Inglaterra


      A ex-rainha, Maria, é uma hóspede embaraçosa. Efectivamente, Maria é também bisneta de Henrique VII e não tendo Isabel filhos, ela tem o direito à Coroa. Por outro lado, princesa católica, Maria congrega as esperanças dos "papistas", que nunca terão reconhecido o casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, do qual nasce Isabel. Maria encontra-se no centro de várias intrigas com Espanha, que visa colocar Maria no trono inglês.


Maria Stuart

      O seu regime de residência vigiada endurece progressivamente, passando rapidamente a detenção quando surge o boato de conspiração.  Em 1585, Maria é presa no castelo de Chartley, à guarda de um carcereiro impiedoso, Paulet. São-lhe proibidas toda e qualquer carta, assim como qualquer visita. Certo dia, Maria recebe num tubo de madeira um bilhete assinado por um tal Gifford, que lhe propõe servir-lhe de contacto com amigos de Paris e de encaminhar uma correspondência clandestina. Gifford deverá fazer a ligação entre um católico fanático, Babington, que estaria morto por servir Maria e, se possível, assassinar Isabel.



      O plano do complot compreende o desembarque dos espanhóis em Inglaterra, o levantamento dos católicos e a libertação da rainha. Com efeito, ao fim de algumas semanas, os correios, por momentos interrompidos, chegam e partem por um intermediário, um comerciante de cerveja. Maria Stuart está cheia de esperança.

Maria Stuart

       Na realidade, o círculo fecha-se. A 16 de Agosto de 1586, no decurso de uma caçada, uns cavaleiros obrigam-na a segui-los. Enquanto a retêm, Chatley vasculha tudo até à exaustão - sem qualquer resultado. Babington e companheiros são aprisionados, confessando tudo sob tortura. Isabel decide acusar a sua prima de tentativa de assassinato da sua pessoa. Maria é conduzida ao castelo de Fotheringay.

Provas de um crime

      Maria Stuart, culpada ou inocente? Uma coisa é certa: Maria foi vítima de uma cruel maquinação levada a cabo por Walsingham. Este terá introduzido um homem de sua confiança, Gifford, para dar corpo à conspiração e incriminar Maria Stuart: impulsiva, abandonada, a rainha morde o isco.



      Aos juízes resta provar que ela conhecia e aprovava o plano de assassinato de Babington contra Isabel. Duas cartas constituem prova fundamental, obtidas por intermédio do vendedor de cerveja. A primeira, assinada por Babington, não passa de uma cópia, mas uma cópia autenticada pelo autor, possivelmente sob tortura. A segunda, gravosa, é uma resposta de Maria a Babington, cifrada, pela qual a rainha dá conselhos e pede para ser informada do projecto: esta missiva é igualmente uma cópia, curiosamente, escrita em francês, quando o original, segundo o testemunho de um secretário de Maria, fora escrito em inglês...

Maria Stuart

      De qualquer forma, Maria recusa os juízes. É rainha da Escócia, prima de Isabel, e não sua súbdita, não estando, portanto, sob a alçada das leis inglesas. Além disso, os acusadores não podem produzir qualquer documentos, visto os originais terem sido queimados, sendo-lhes impossível demonstrar a traição de Gifford. Paulet, o seu carcereiro em Chatley, procura em vão obter confissões espontâneas. Maria comparece a 14 de Outubro. Uma grande solenidade envolve a ocasião. Entre os membros da confissão, escolhidos a pente fino, figuram o bispo da Cantuária, primaz de Inglaterra, o grande chanceler Bromley, Walsingham.


Boneca Maria Stuart

      Olhando de relance a sala onde o trono da rainha, vazio, fora colocado, Maria murmura: "Vejo aqui muitos juízes, mas nenhum a meu favor".
      A sua defesa é simples: ela ignora todo o caso, a carta cifrada foi forjada, pura e simplesmente forjada. Apela "a Deus e aos príncipes cristãos". Mas logo pelo tom dos juízes logo adivinha o que a espera. Em breve se remete ao silêncio e à dignidade de uma rainha perseguida pela sua fé. A 25 de Outubro, a comissão, por unanimidade menos uma voz, declara a acusada "culpada", sentença equivalente, segundo a lei de 1585, à pena de morte.

Quatro meses de espera

      A condenada deverá esperar 4 meses pela execução da sentença. Durante o amargo prazo, Maria permanece presa em Fotheringay. Pressões, vindas de França, tentam vergar Isabel. A própria condenada, temendo o seu assassínio em segredo, escreve uma carta que "arrancou lágrimas à soberana de Inglaterra", contudo, esta não lhe respondeu.
      A 7 de Fevereiro de 1587, a espera termina. Maria é prevenida que será executada no dia seguinte. O médico, Bourgoing, relatou os seus últimos momentos:



      "Na manhã do suplício, a rainha da Escócia vestiu um belíssimo vestido de cetim preto, de cauda. Crucifixo na mão, ajoelha-se em frente ao cepo, enquanto lhe vendam os olhos com um lenço bordado a ouro que ela própria terá preparado. O carrasco, perturbado, dá um golpe pouco certeiro. É necessário um segundo. Depois, agarra os cabelos para levantar a cabeça e mostrar às testemunhas, mas na mão tem apenas uma peruca cobrindo poucos cabelos grisalhos. Os lábios ainda tremem durante uns minutos. O cãozito de Maria, encontrado enroscado debaixo dela, não quer mover-se."

Ao todo, esteve cerca de 19 anos presa.

Túmulo de Maria Stuart


Assinatura de Mary Stuart, Queen of Scots


Fonte: Astier et al, (2000), Memória do Mundo, Cículo de Leitores 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Fariseus

O que sabemos acerca dos fariseus? Estarão todas as nossas convicções correctas? Serão todas as fontes credíveis? Passados tantos séculos de História, será ainda viável tirar conclusões acerca deste grupo religioso? Neste texto, não pretendo, de forma alguma, responder a todas estas questões, nem tão pouco dar (muita) luz ao tema. Pretendi apenas abordar um tema que, ao contrário daquilo que sempre nos foi dado como certo, abarca diversas opiniões e fontes acerca deste grupo religioso, outrora "tão problemático".

Nota: Tudo aquilo indicado entre aspas (" ") são apenas citações retiradas directamente da fonte, sem qualquer alteração, intenção ou crença por parte da autora do Blog (eu)




O nome


      "No tempo de Jesus, os mais apreciados pela maioria do povo eram os fariseus. O seu nome, em hebraico perushim, significa «os segregados»" [1] contudo, consultando uma segunda fonte informativa, observa-se que "a origem mais próxima do nome fariseu é no latim pharisaeus, que por sua vez deriva do do grego antigo ϕαρισαῖος, assentado no hebraico פרושים prushim . Considera-se que esta palavra vem da raiz parash que significa "separar", "afastar". Assim, o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como "aqueles que se separaram" do resto da população comum para se consagrar o estudo da Tora e das suas tradições. Todavia, a sua separação não envolvia um ascetismo, já que julgavam ser importante o ensino à população das escrituras e das tradições dos pais." [2].



A origem



      Pensa-se que os perushim tenham surgido do grupo religioso judaico hassidim (os piedosos), que terão apoiado a revolta dos macabeus (168-142 a.C.) contra Antíoco IV Epifânio, rei do Império Seleucida, incentivando a eliminação de toda a cultura não-grega, pela assimilação forçada e repressão de qualquer fé particular. Uma parte da aristocracia da época e dos círculos dos sacerdotes apoiaram as intenções de Antíoco, mas o povo em geral, sob a liderança de Yehudah Makkabi (Judas Macabeu) e sua família ter-se-ão revoltado.





      Os judeus conseguiram vencer os exércitos helénicos e estabelecer um reino judaico independente na região entre 142 a.C.- 63 a.C., quando então foram, ironicamente, controlados e dominados pelos Império Romano. Terá sido no período de 142-63 a.C., que a família dos macabeus se terá estabelecido no poder, iniciando uma nova dinastia real e sacerdotal, dominando tanto o poder secular como o religioso. Este acontecimento terá desencadeado uma profunda crise e divisões dentro da sociedade israelita de então, visto que pelas suas origens os Macabeus (também conhecidos pelo nome de família como Asmoneus) não eram da linhagem de David, não podendo assim ocupar o trono de Israel, e também não eram da linhagem sacerdotal araónica [2]



Revolução

       Grupos reaccionários apareceram dentro da sociedade judaica, com o intuito de restaurar o seu prestígio e poder, ou pelo menos o que consideravam como certo segundo a Lei e tradições judaicas. Assim, terá sido nesta altura que, provavelmente, apareceram:

1) Os tzadokim (saduceus), clamando ser os legítimos descendentes de Tzadok e portanto os legítimos detentores do sumo-sacerdócio e da liderança religiosa em Israel, sendo considerados aristocratas.

2) os perushim (fariseus), que partindo do princípio qur serão oriundos dos hassidim que, geralmente, desiludidos com a política, voltaram-se para a vida religiosa e estudo da Torá, esperando pela vinda do Messias e do reino de Deus;

3) Os Essénios, oriundos provavelmente também dos "Hassidim" e de um grupo de sacerdotes descontentes com a situação;desiludidos, ter-se-ão afastado da sociedade judaica, passando a viver uma vida de "total consagração ao Criador na região do deserto a fim de preparar o caminho para a vinda do Messias." [2]



Os perushim

      Os perushim agrupavam-se em "havurot", associações religiosas que tinham os seus líderes e assembléias, e que tomavam juntos as suas refeições. Segundo o consagrado historiador judeu do 1º século d.C, Flávio Josefo, o número de perushim na época era de pouco mais de seis mil pessoas. Este grupo estaria intimamente associado à liderança das sinagogas, ao seu culto e escolas. Pensa-se que também participavam como grande importância, ainda que minoritário, no Sinédrio, a suprema corte religiosa e política do Judaísmo de então. Muitos dentre os "perushim" tinham a profissão de sofer (escriba), a pessoa responsável pela transmissão escrita dos manuscritos e da sua interpretação (quanto a mim, das tarefas mais perigosas numa religião). Crê-se que se tenham desenvolvido Duas escolas de interpretação religiosa no meio dos perushim, tornando-se de grande notoriedade [2]:

 - A escola de Hillel, mais "liberal" na interpretação da Lei,

- A escola de Shamai, mais "estrita".




Fariseus: diferentes perspectivas

      Inequivocamente, os fariseus foram um grupo de extrema influência em Israel, devido aos ensinamentos religiosos e políticos. Seguiam a Tora escrita [2] (Torá ou Pentateuco [1]), na unicidade do Criador, na ressurreição dos mortos, em anjos e demónios, no julgamento futuro e na vinda do rei Messias [1].



      A sua influência era apreciável visto serem os principais mestres nas sinagogas, favorecendo-os como elementos de influência dentro do judaísmo, após a destruição do Templo [2]. Dedicavam toda a sua atenção às questões relativas à observância das leis de pureza ritual, inclusivamente fora do templo. A par da Lei escrita, foram recompilando uma série de hábitos e modos de cumprir as prescrições da Lei, às quais se concedia cada vez mais consideração até chegarem a ser recebidas como Torá oral, atribuída também a Deus. Segundo as suas convicções, essa Torá oral foi entregue, juntamente com a Torá escrita, a Moisés no Sinai, e portanto ambas tinham idêntica força vinculativa [1].

      Efectivamente, a própria Bíblia dá a sua perspectiva acerca deste grupo de fariseus:

      "Como grupo, os fariseus preocupavam-se em estabelecer a sua própria justiça. Pagavam escrupulosamente o dízimo de pequenos produtos tais como a hortelã, o endro e o cominho. (Mat. 23:23) Costumavam jejuar regularmente por motivos religiosos. (Mat. 9:14) Preocupavam-se com a observância das tradições ao pé da letra, especialmente com relação à observância do sábado e da lavagem das mãos. — Mat. 12:1, 2; 15:2.)” [4]

      Contudo, entre outros detalhes, destaca também que:

"A lei mosaica exigia que os israelitas tivessem franjas nas orlas de suas vestes. Era para fazer-lhes lembrar a sua condição santa perante Deus e da necessidade de observar as suas ordens. (Núm. 15:38-41) Os fariseus foram um passo mais longe. Ampliaram as franjas das suas vestes, para se destacar entre o povo. De modo similar, ao passo que surgira entre os judeus o costume de usarem pequenas caixinhas com textos na testa e no braço esquerdo, os fariseus destacavam-se por usarem maiores. — Mat. 23:2, 5." [4]



      Porém, uma outra perspectiva chama ainda a atenção para um outro detalhe. Dentro do grupo "hassidim", estariam incluídos vultos da História de grande valor, nomeadamente "Johanan ben Zacai, Rabi Aquiba, Simão ben Yohay, Gamaliel, Hilel, Ben Azay, inclusive Saul de Tarso que mais tarde troca o seu nome para Paulo" (mais tarde é São Paulo) "Distinguiram-se por sua conduta moral e moderação na vida", pelo que será lícito afirmar que terão existido fariseus de enorme valor moral e religioso.


O cristianismo e os fariseus

       Actualmente, um indivíduo pertencente ao cristianismo deverá, com toda a certeza, ter uma opinião pouco abonatória relativamente ao grupo "fariseu". Possivelmente, esta idea foi passando pela tradição oral ao longo de séculos, assim como pela própria Bíblia que relata que Cristo terá criticado duramente tanto os fariseus, escribas e saduceus, devido à sua avareza, hipocrisia, assim como estarem pouco certos relativamente ao facto da salvação advir da Lei.

      Por último, e não menos importante, uma fonte informativa amplamente divulgada, a Bíblia, relata que os fariseus, juntamente com os seus eternos “rivais”, os saduceus, se terão unido por um bem comum: o afastamento de Cristo da vida pública, que alegadamente teria opinião diferente destes dois grupos religiosos.



Quando a religião mergulha na política


       Para uma considerável parte dos fariseus, a política desempenhava uma função decisiva no seu posicionamento na sociedade, estando ligada ao empenho pela independência nacional, pois, segundo os fariseus, "nenhum poder alheio podia impor-se à soberania do Senhor sobre o seu povo".



Violência

      Mais tarde, sensivelmente a partir de 50 dC, surgem relatos de uma nova perspectiva religiosa: consideravam que a religião também era lícita de se manifestar no âmbito militar, pelo que "não se podia recusar o uso da violência quando esta fosse necessária para vencer, nem havia que ter medo de perder a vida em combate, que era como um martírio para santificar o nome do Senhor."[1]

Alguns ideais fariseus

       Dispersos por diferentes fontes, incluindo o Talmud, chegam até aos dias de hoje algumas ideias fundamentais que se acreditam terem sido edificadas pelos fariseus. Elas são, então:



-"A verdade é o selo de Deus" [2]

-"Mais que toda a acção religiosa, Deus quer um coração puro"[2]

- "Toda oração deve ser precedida por um acto de caridade" [2]

-"Aquele que comete uma falta em segredo, nega a omnipotência de Deus" [2]

 -"Se Deus reserva a recompensa das boas ações para o mundo futuro é com o fim de que os homens ajam neste mundo por convicção e não por interesse" [2]

-"Sêde dos discípulos de Arão, amai a paz e sacrificai tudo para mantê-la" [2]

-"Não julgues teu próximo até que te encontres no lugar dele" [2]

- "Julgai toda a gente com indulgência" [2]

 -"Não envergonhes o próximo em público, porque isso poderia custar-lhe a vida e seríeis um criminoso" [2]

-"Mais vale estar entre os perseguidos que entre os perseguidores"[2]

- "Não te metas em nenhum assunto do qual possa resultar condenado à morte ainda que culpado" [2]

-"Ditoso o homem que sai deste mundo, limpo e sem pecado, como entrou" [2]

-"Grande perigo é substituir Deus do coração por um coração de deus"[2]


Considerações finais

      Inequivocamente, o grupo judaico fariseu é, e sempre será, polémico. Principalmente por, alegadamente, estar envolvido num dos julgamentos mais famosos da História, o julgamento de Cristo. Contudo, o que pensar de todos os outros relatos independentes, onde são retratados como um grupo sério, com elementos de grande valor religioso, e amplamente estimado e apoiado pelo povo? Ainda dentro da controvérsia, como pode um grupo religioso com tão elevados valores morais, pensar sequer em aliar devoção religiosa a perspectivas militares, com todas as justificações para a violência?
      Se é um facto que não tenho respostas para estas questões, é também verdade que a última pergunta não é aplicável apenas aos fariseus…

Fontes:
[1] http://www.opusdei.pt/art.php?p=16393
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus
[3] http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro2/fariseus.htm
[4] http://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/09/os-influentes-fariseus.html