Perdida na História

Perdida na História

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Terra Prometida

Os louros foram desde sempre entregues a Cristóvão Colombo. Ele descobriu o Continente Americano. Porém, além da famosa controvérsia acerca da nacionalidade do descobridor, talvez a maior epopeia da sua vida não esteja ilesa de polémica. De facto, verificações recentes mostram que uma lenda com centenas de anos talvez tenha alguma veracidade e Cristóvão Colombo não foi o primeiro europeu no Novo Mundo...

      Recuamos ao século V,  entre os anos 484 e 486, nasce Brandão, em Ciarraighe Luachra, próximo da actual cidade de Traleecondado de KerryIrlanda. Baptizado e educado pelo célebre bispo Erc de Kerry e por Santa Ita, Brandão abraça a vida monacal, vindo-se mais tarde a tornar abade. Todo o seu percurso de vida terá sido de tal forma exemplar que o vem a tornar um dos santos mais célebres de toda a Irlanda. Com efeito, em vários pontos do país, há diversos locais a honrar o seu nome. 


      Não terá sido pelas suas viagens em terra que Sto.Brandão terá perdurado na lenda. De facto, Sto Brandão tem o cognome de "Navegador", atribuído ao monge dada a sua grande paixão pela navegação e viagens. Pensa-se que terá visitado as ilhas as ilhas Órcades e Shetland e possivelmente as Faroe, um feito de dimensão muito considerável, dado que no século V a Irlanda era a fronteira entre o conhecido e o temível desconhecido.






As Navigatio Sancti Brendani

       A Vita Sancti Brendani, a biografia de São Brandão, composta em latim eclesiástico por volta do século X, terá sido a obra mais copiada (e possivelmente modificada…) da alta Idade Média, tendo-se conhecimentos de várias traduções e diversas versões. É, então, a partir desta obra que são criadas diversas histórias e lendas, presentes na maioria da cultura dos povos ocidentais europeus, nomeadamente celtas, tendo-se escrito numerosas obras acerca das viagens de São Brandão.

      O mais curioso destas lendas é o facto de serem mencionadas viagens e visitas a locais na altura ainda desconhecidos ou, pelo menos, assim se pensava…A lenda atribui a São Brandão uma viagem pelo Atlântico noroeste, tendo chegado a uma terra, normalmente descrita como ilha, fora do mundo conhecido até então, actualmente atribuída ao continente americano. Esta epopeia, descrita nas várias versões do Naviagtio Sancti Brendani, levou a que existisse uma grande proliferação de ideias, mantendo desde sempre a ideia de tentar conhecer o que existia mais além, assim como, tentar alcançar a terra que São Brandão teria visitado. De facto, sabe-se historicamente que Cristóvão Colombo terá dito antes de embarcar que ia finalmente conhecer a "Terra de São Brandão".




A viagem

      A viagem de São Brandão, inicia-se com a sua partida, acompanhado por um numeroso grupo de monges a partir da sua abadia de Shanakeel (ou Baalynevinoorach), nas proximidades de Ardfert, costa ocidental da Irlanda, em busca da Ilha das Delícias (ou do Paraíso). Qual o motivo que teria São Brandão para tais viagens? Bem, tudo indica que seria a ideia de peregrinação e evangelização. O que é facto, é que em algumas ilhas alegadamente visitadas por São Brandão, foram realmente encontradas pequenos eremitérios, associados à prática missionária.


     Segundo a tradição eclesiástica islandesa, a viagem poderá ter tido início a 22 de Março, início da celebração da festa de Egressio familiae Sancti Brendani. Quanto aos companheiros de viagem, as versões não são unânimes, sendo por vezes mencionados 18, podendo mesmo chegar aos 150.





      Contudo, esta alegada viagem ao continente americano, a ter-se realizado, terá efectivamente sido um feito verdadeiramente notável, dado as técnicas e práticas de navegação serem bastante diferentes daquelas praticadas no tempo de Cristóvão Colombo. Por outro lado, as histórias referem diferentes tempos de viagem, sendo que, numa das versões, indica-se 7 como o número de anos que São Brandão terá levado a visitar diferentes locais e a encontrar criaturas exóticas. Num dos relatos, os aventureiros referem ter encontrado um peixe tão grande que terão confundido com uma ilha, onde terão inclusive feito uma fogueira. Dadas as descrições, o “peixe gigante” seria uma baleia azul.




      Após longos sete anos, a lenda refere que São Brandão e companheiros de viagem terão finalmente encontrado a “Terra do Paraíso”, onde elaboram uma belíssima descrição de uma terra de indescritível beleza e luxuriante vegetação.  

     O maior problema de toda a narrativa atribuída aos navegadores é o facto de não ser nunca mencionada a rota tomada pelos navios, pelo que “a Terra do Paraíso” de São Brandão ainda hoje permanece em mistério.



        Ao regressar à Irlanda, as histórias das viagens dos monges proliferam, e correm todo o mundo cristão. A costa da Irlanda torna-se em pouco tempo um importante centro de peregrinação, com Ardfert no centro. Múltiplas casas religiosas e abadias são erigidas no local.  

      Apesar de ser consensual a existência deste monge irlandês, é com alguma dificuldade que a comunidade científica aceita o facto de um grupo de monges ter alcançado a costa americana, atravessando o difícil e traiçoeiro Atlântico Norte, com os rudimentares meios de navegação daquele século.



Provas?

      Porém, em 1976 o escritor e aventureiro Tim Severin construiu uma embarcação semelhante àquela utilizada naquele tempo, tendo partido da Irlanda rumo à Islândia, Gronelândia e à “Terra Nova”. Um ano depois da partida, Severin prova que uma viagem numa embarcação rudimentar, apesar de ser extremamente difícil, era possível. Contudo, na sua obra “The Brendan Voyage”, Severin refere que a sua viagem não prova que São Brandão tenha mesmo chegado às Américas, apenas prova que era possível. Provas credíveis teriam de passar pela descoberta de relíquias arqueológicas irlandesas em solo americano, apesar de Severim acreditar que Brandão terá mesmo chegado à América.




      Em 1983, Barry Fell, um biólogo marinho da Universidade Harvard, descobriu petróglifos (duas imagens seguintes) num local da Virgínia Ocidental. Após uma análise cuidada, Fell associa a escrita a um conhecido alfabeto irlandês utilizado na Irlanda entre os séculos V e VIII. Mais curioso ainda é o facto das mensagens gravadas nas pedras estarem relacionadas com a mensagem do nascimento de Cristo e religião em geral. 






      Após a divulgação destes resultados na comunidade científica, muitos foram aqueles que apontaram diversos erros aos métodos utilizados por Fell. Um dos problemas prendia-se com o facto das pedras não poderem ser datadas, dado o seu elevado grau de degradação actual. De facto, não será propriamente a origem da escrita que terá sido posta em causa, mas sim o conteúdo das mensagens.

    Se por um lado se sabe que os Vikings estiveram efectivamente na América do Norte antes de Cristóvão Colombo, a presença dos irlandeses antes dos Vikings continua sem certificação científica. Contudo, torna-se curiosa a menção ao facto de que os próprios Vikings transmitiam na sua cultura oral a presença irlandesa no continente americano, antes da sua própria chegada lá. 


Viagens Vikings


       Outro detalhe é avançado por algumas histórias locais americanas onde é referido o facto dos indígenas, aquando da chegada de Colombo, estarem já familiarizados com o “homem branco”, mencionando ainda que o “antigo homem branco vestia-se também de branco e vinha de terras além da nossa”.




O vídeo é propriedade do canal História, tendo sido encontrado no youtube e aqui colocado com a mera intenção de exemplificação e clarificação dos temas abordados. 

      Apesar de continuarem a existir incertezas acerca dos irlandeses poderem ter sido os primeiros europeus a chegar às Américas, cada vez mais existem evidências que apontam para o facto de Cristóvão Colombo não ter sido o primeiro europeu a chegar a solo americano. 





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