Perdida na História

Perdida na História

domingo, 24 de julho de 2011

"A trilha de lágrimas"

Devido a vários propósitos, nomeadamente, vir a ocupar e a explorar as terras ocupadas pelos nativos, "o homem branco" levou a cabo uma das acções mais tristes da sua História, e tão esquecida por todos.

A Trilha ou Caminho das Lágrimas foi o nome atribuído pelos nativos americanos às viagens de recolocações e migrações forçadas, orientadas pelo governo dos Estados Unidos da América às variadas tribos de índios que seriam agregadas no chamado "Território Indígena" (actual Estado de Oklahoma), consoante a política de remoção indígena.


A referência à "Trilha das Lágrimas" foi extraída de uma descrição de um nativo da Nação Choctaw em 1831.


Os nativos sofreram intensamente com as remoções e vários faleceram durante as viagens e acampamentos forçados: estima-se que, da tribo Cherokee, de uma população de 15 000, pereceram cerca de 4 000 índios.
Centenas de escravos e afro-americanos libertos, que habitavam com os índios, acompanharam-nos nas transferências pela Trilha.


Em 1830, os povos Cherokee, Chickasaw, Choctaw, Creek e Seminole, designadas por alguns de " As Cinco Tribos Civilizadas", viviam com independência política e deveriam ser considerados americanos do sul. O processo de "transformação cultural" proposto por George Washington e Henry Knox, já acontecia com muita evidência, particularmente entre os Cherokees e os Choctaw.
Considerou-se, inicialmente, que a remoção dos índios fora proposta primeiramente por Thomas Jefferson. Porém, Andrew Jackson foi o primeiro presidente americano que, efectivamente, implementou uma modificação a tal nível, com a aprovação da Lei de 1830, o "Indian Removal Act".
Em 1831 a tribo Choctaw inaugurou a remoção e com isso foi criado o modelo aplicado às restantes tribos.
Depois dos Choctaw, foi a vez dos Seminole (1832), dos Creeks (1834), Chickasaw (1837) e, finalmente, os Cherokee (1838). (Estima-se que entre 2 500 a 6 000 índios tenham falecido durante a remoção).


Seminole
 De 5 000 a 6 000 Choctaws conseguiram permanecer no Mississippi, em 1831. Estes Choctaws que preferiram ficar, foram alvo de intimidação legal e perseguição: viram as suas casas derrubadas e incendiadas, assim como o gado debandado.

Em 1838, a nação Cherokee foi removida das suas terras na Georgia para a actual Oklahoma, o que resultou na morte de aproximadamente 4 000 índios. Na linguagem Cherokee, o evento é chamado de Nunna daul Isunyi—“O caminho onde eles choraram”.

A trilha Cherokee das lágrimas resultou do Tratado de New Echota (hiperligação!), documento com base na lei de 1830 (Indian Removal Act). O tratado assinado pelo Partido Ridge nunca foi aceite pelos líderes, ou pela maioria da tribo Cherokee, representada no Partido Ross.

As tensões entre a Georgia e os Cherokees acirraram- se com a descoberta de ouro nas proximidades de Dahlonega, Georgia, em 1829. Foi a primeira corrida do ouro na história dos EUA.

pepitas de ouro

Com o Tratado de New Echota e a resistência ao mesmo, o sucessor de Jackson, o presidente Martin Van Buren elaborou as milícias da Georgia, Tennessee, Carolina do Norte e Alabama para manter 13 000 Cherokees acampados, até que fossem enviados para o Oeste. Aqui, a maioria das mortes aconteceu por difterias, infecções e gripes que arrasaram aqueles acampamentos. Um dos soldados da operação sob as ordens do general Winfield Scott, escreveu:
“Eu lutei nas guerras entre países e atirei em muitos homens, mas a remoção Cherokee foi o trabalho mais cruel que eu conheci”.
Os Cherokees removidos acabaram por se fixar, inicialmente, nas proximidades de Tahlequah, Oklahoma.
Cherokees
Os líderes políticos que conduziram aos tratados de Nova Echota e a Trilha de Lágrimas foram assassinados (Major Ridge, John Ridge e Elias Boudinot); dos líderes do Partido Ridge, apenas Stand Watie escapou da morte.
Major Ridge, John Ridge e Elias Boudinot

Quanto à população Cherokee, esta recuperou-se, sendo hoje o maior grupo nativo americano. Todas as restantes tribos ficaram drasticamente reduzidas.

Engraçado como nunca se fala deste evento nas aulas de História. Como tudo isto tende a passar ao lado. Como nos querem fazer passar a mensagem, a nós europeus, de que índios só existiram nos filmes americanos (onde são especialmente "os maus") ou nos filmes de desenhos animados. Continua tudo tão errado...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

As testemunhas

      

                 Li, recentemente, uma notícia interessante, onde se investigaram partes de árvores (nomeadamente os seus anéis de crescimento) e “nove mil artefactos de madeira dos últimos 2,5 mil anos”, tendo-se conseguido perceber que os grandes acontecimentos da História terão ficado, ali, perpetuamente gravados.

A equipa tentou perceber de que forma o clima terá afectado os anéis de crescimento de árvores vivas durante os últimos séculos, tendo apurado que, “durante as boas épocas de crescimento, quando a água e os nutrientes abundam, as árvores formam grandes anéis com bastante espaço entre eles. Por outro lado, em condições adversas, como em alturas de seca, os anéis crescem com uma formação mais apertada”.


“Verões quentes e húmidos coincidiram com os períodos de prosperidade medieval e no Império Romano.



O aumento da instabilidade climática entre os anos 250 e 600 a.C. coincidiram com o desaparecimento do Império Romano e com o período das migrações, afirmam os autores do estudo.







Distintos períodos de seca durante o terceiro século aconteceram paralelamente com um período de profunda crise do Império Romano a ocidente, marcado por uma invasão dos bárbaros, agitação política e perturbações económicas em várias províncias da Gália”,acrescentaram ainda.

É importante ter esta noção dos acontecimentos. Em lado algum está escrito que os sucessos ou fracassos ao longo da História dependeram apenas e só do Homem. Como se verifica neste estudo,  muitos períodos de desastre estariam interligados com épocas climáticas desfavoráveis, provavelmente com falta de água e/ou alimentos. Aliás, a maioria das pessoas, provavelmente, nunca terão ouvido falar da Pequena Idade do Gelo, que  fustigou severamente grande parte do hemisfério Norte durante Era Moderna (alguns investigadores apontam para o começo do Gelo ainda no século XVI).


Porém, foi no desespero de viver em tal época que muitos países, como Inglaterra e a Holanda se viram obrigados a desenvolver, por exemplo, inovadoras técnicas de cultivo, novos mecanismos, assim como a introdução de novos alimentos.

Curioso mesmo é o alimento apontado como o "salvador" da grande fome: a batata


Fontes :
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46943&op=all


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Que aroma tão...

Na Idade Média, a maioria das pessoas casava-se no mês de Junho (início do verão).
Porquê? Ora, o primeiro banho do ano era tomado em… Maio!!!
Desta forma, em Junho, o “aroma” tanto dos noivos, como dos convidados ainda era aceitável.

Entretanto, como já começavam a exalar alguns "odores", as noivas tinham o costume de carregar bouquets de flores junto ao corpo, para camuflar.


 Daí que Maio é considerado o"mês das noivas" já desde a Idade Média, assim como o bouquet tinha como função passar para a noiva (e para todo o seu redor) o agradável aroma floral.

terça-feira, 19 de julho de 2011

As famosas calças

Existirá alguém que não conheça as famosas Levi's? Quando surgiram, então, as famosas calças de ganga??

A história começa com Loeb Strauss nascido no dia 26 de Fevereiro de 1829 na pequena cidade alemã Buttenheim, na região da Bavária. Era o mais novo de sete irmãos.
Aos 18 anos, imigrou com sua família para Nova Iorque, em 1847, começando a trabalhar com os irmãos mais velhos, Louis e Jonas, vendendo tecidos, botões, linhas, tesouras e outros objectos.
 Em Janeiro de 1853, já naturalizado americano, adoptou o nome Levi, como era tratado tanto pela família como pelos clientes.
Com as primeiras notícias sobre a descoberta de ouro na Califórnia, foi para a cidade de São Francisco aproveitar o activo comércio, abrindo uma pequena loja de tecidos e roupas, junto com seu cunhado David Sten e sua irmã Fanny, fundando assim a Levi Strauss & Company.

O negócio começou a prosperar quando, por obra do destino, ele não conseguia desfazer-se de alguns rolos de lona. Quis vendê-los como material para tendas ou para cobrir carroças, mas… os mineiros queriam calças resistentes. Levi contratou um alfaiate e transformou a sua lona em calças, de cor castanha, colocando três bolsos, fundos para guardar as pepitas e as ferramentas, que se prendiam com tiras. Um mineiro, entusiasmado, pagou-lhe o equivalente a US$ 6 em ouro (na altura, bastante dinheiro).
A sua invenção foi imediatamente aceite, não só pelos mineiros, como também pelos agricultores, ferroviários e vaqueiros. Assim, começou a confeccioná-las.

Apesar do sucesso, muitos reclamavam que as calças poderiam ter uma cor menos opaca, suja, da cor da terra. Além disso, o material era muito rígido e desconfortável, o que fez Strauss buscar um tecido de igual resistência, porém, mais flexível. Foi então, no ano de 1860, que Strauss trocou a lona pela sarja de Nimes (fabricado na cidade francesa de Nimes), um tecido de algodão sarjado resistente e grosseiro, destinado à roupa dos escravos negros do Sul. Anos mais tarde, tingiu-o com o corante de uma planta chamada Indigus, dando-lhe uma aparência azul. Os americanos, que chamavam o tecido de Denim, passaram a chamar a calça de blue jeans devido à sua cor azulada. à

Levi e cunhados começaram, então, a manufacturar as primeiras calças jeans do mundo, em brim índigo, que logo se tornariam famosas. Diversas filiais são abertas e, utilizando a publicidade através de catálogos, a firma prospera rapidamente.

Em 1872, um acontecimento mudaria os rumos da empresa e da indústria têxtil mundial. Jacob Davis, judeu originário da Lituânia, e alfaiate na cidade de Reno, escreveu para Levi Strauss, contando-lhe sobre o processo que havia inventado para rebitar com metal os cantos dos bolsos e ganchos frontais das calças masculinas, evitando assim que rasgassem com facilidade. Sugeriu que os dois registassem juntamente uma patente, pois não tinha dinheiro, US$ 68, para pagar esse processo sozinho.

Em 1873, os dois registraram a patente de nº 139.121 no Departamento Americano de Marcas e Patentes. Por isso, o dia 20 de maio de 1873 é considerado oficialmente o “aniversário do blue jeans”, porque embora as calças já fossem usadas por operários, foi o ato de colocar pela primeira vez rebites nas calças tradicionais: as famosas “Jeans Levi’s”.

Após a guerra, a partir de 1945, houve uma explosão na procura, difícil de atender. Nos Estados Unidos, filas de espera formavam- se diante das lojas do departamento, que anunciavam em cartazes, a próxima entrega de jeans.

Só em 1959 é que se começou a exportar peças de roupa para a Europa, criando em 1962 a Levi Strauss Europa.


O resto, já nós todos sabemos. Não deve existir ninguém que não as conheça: as calças de ganga.

domingo, 17 de julho de 2011

A origem dos "Assassinos"

Durante 150 anos, entre os finais do século XI e a metade do XIII, uma  seita de xiitas muçulmanos trouxe temor e terror à região do Oriente Médio. Tratava-se da Ordem dos Assassinos.

“Assassinos” - A origem do nome
Esta ordem foi assim designada pois os seus integrantes, antes de praticar os atentados, inalavam um estupefaciente, o Hashishiyun, ou haxixe.
Os seguidores da ordem caracterizavam-se pela entrega total à missão que lhes era atribuída pelos seus superiores e por não demonstrarem qualquer temor, perante a morte que os aguardava após terem praticado as suas acções.

O anúncio da ressurreição
No ano de 1166, na praça central da fortaleza de Alamut, no alto dos Montes Elburz, no norte do Irão, o grão-mestre dos nizarins (como a Ordem dos Assassinos oficialmente se designava), Hassan II rejubilava frente aos companheiros e seguidores que ocupavam todo o espaço à sua frente. Todos haviam sido convocados para um importante anúncio. Iria ser proclamado a aproximação do dia da Qiyamat al Qiyamat, a Ressurreição da Ressurreição, estando muito perto o momento em que, pondo fim àquela época, iniciada há muito tempo atrás por Adão, o Imã oculto viria, finalmente, liderá-los na renovação de absolutamente tudo.
Dali em diante não haveria mais liturgia, pois a religião tornar-se-ia puramente espiritual, sem templos ou cultos. Que se aprontassem, portanto, para os novos tempos, concentrando-se todos eles dentro da fortaleza de Alamut, um lugar inabalável para os seus inimigos, de onde só sairiam para realizar as suas operações de homicídios selectivos.
Alamut, local onde se situam as ruínas da Ordem dos Assassinos.


O profeta dos assassinos
A seita, obediente aos extremos rigores do militarismo, havia sido fundada no ano de 1090, quando o missionário Hassan Sabbah (1034-1124), retornara do Egipto para a sua Pérsia nativa. Envolvido nas lutas pelo poder entre a casa real egípcia e de Bagdad, decidira fundar uma ordem secreta para enfrentar os seus adversários. Para tanto, inspirou-se nos antigos rituais de iniciação adoptados pelos gnósticos, aliando o seu prazer pela ciência esotérica - a batanya - e o culto pelos sinais ocultos, só alcançados depois de muita disciplina e dedicação ao estudo.
Em pouco tempo, verificou-se que Hassan Sabbah, o xeque das montanhas, criou uma teologia totalitária, onde um só deus (Alá), se fazia representar por um só Imã (um líder espiritual), e por um só representante (o próprio Hassan), com autoridade de vida e morte.
Com uma visão trágica do mundo, considerando-o perdido pela heresia e pelo descrédito dos governantes, declarou guerra à religião oficial, o Islamismo sunita, e também às dinastias que reinavam na região, fossem as de raiz árabe ou turca. Líder de uma seita absolutamente minoritária, Hassan Sabbah percebeu que somente se poderia impôr através do terror, colocando os seus inimigos em permanente pavor de virem a ser assassinados. Ao apoiar um dos governantes locais, chamado Nizan, passou a designar a sua ordem por nizarins. Porém, foi por Assassinos que permaneceram na História.

A estrutura da ordem
Consta que Hassan Sabbah, além de um rigoroso exame de admissão aos iniciados, recolhia crianças abandonadas ou comprava-as a casais pobres para fazer delas o seu exército de fiéis. Carentes de tudo, os jovens aspirantes viam-no como um deus-pai, dedicando-se integralmente à sua vontade, jamais ousando criticar uma ordem recebida.
Tratou também de elaborar uma soberba biblioteca, considerada uma das mais completas daquele tempo. Efectivamente, gabava-se de ter à sua disposição 70 mil homens e mulheres espalhados por boa parte do Médio Oriente, capazes de executar qualquer missão, mesmo que isso lhes custasse a vida.

A mística
Hassan Sabbah apresentava-se como o Hojjat do Imã, aquele que falava e agia em lugar do Imã oculto, que assim se achava apenas aguardando o momento apropriado para aparecer. Os seus seguidores, enquanto este momento sagrado não acontecia, usariam os punhais para purificar o ambiente.

O método
 Apesar de andarem uniformizados na fortaleza de Alamut - trajes brancos com um cordão vermelho enlaçando-lhes a cintura (cores que os cavaleiros templários irão adoptar) -, os fadavis, ou devotos, quando recebiam uma missão, camuflavam-se. Preferiam misturar-se com os mendigos das cidades da Síria, da Mesopotâmia, do Egipto e da Palestina para não despertarem a atenção. Misturados com a multidão urbana, eram "adormecidos", levando uma vida vulgar, sem atrair suspeitas, até que um emissário lhes trazia a ordem para "despertar" e combater. Geralmente, aproximavam-se da sua vítima em número de três. Se por acaso dois punhais fracassem, haveria ainda um terceiro para completar  a ordem recebida. 
Agiam em qualquer local - mercados, ruas estreitas, dentro dos palácios e até mesmo no silêncio das mesquitas, lugar por eles escolhido visto as vítimas estarem ali entregues à oração e com a guarda em baixo. Até o grande sultão Saladino, inimigo de morte desta Ordem, chegaram a intimidar, deixando um punhal com um bilhete ameaçador em cima da sua cama.

O uso da droga
Aprisionados, nada pronunciavam. Viviam num estado distante do mundo, numa esfera especial amparada pela Lei Divina, mostrando absoluta indiferença pelo seu destino na Terra. Seguiam para o cadafalso sem pestanejar, deixando aos executores a terrível sensação de impotência perante todo aquele fanatismo.

Alguns historiadores consideram que a utilização de um estupefaciente tão poderoso como o haxixe não poderia compelir à violência nem à agressividade necessária para praticar um crime daquela forma. A droga deveria ter uma outra função. Acreditam que fosse usada por Hassan Sabbah nos rituais de iniciação da ordem, como introdução à ideia do Paraíso, para que os aspirantes experimentassem a erva que lhes seria oferecida num jardim do Paraíso, após a sua morte.

Aproximação com os cruzados
Hassan Sabbah e seus sucessores trataram de ocupar a maior parte dos fortes, numa linha que se estendia do Irão até à Palestina, passando pela Síria, para fazer com que a influência da ordem fosse sentida em todas as paragens. Odiados por turcos e árabes, por sunitas e xiitas, dos quais eram um ramo dissidente, foi inevitável que a Ordem dos Assassinos, num primeiro momento, se aproximasse dos cavaleiros cruzados, tão estranhos na região da Terra Santa, como eles próprios se sentiam.
Mas foi mais do que isto.
Esecula-se que terá sido a simbiose entre fé fanática e disciplina militar extremista que terá fascinado os primeiros nove cavaleiros cristãos, liderados por Hugo de Payens, tendo-os levado a fundar a Ordem dos Cavaleiros do Templo, no ano de 1118. A dedicação integral e absoluta dos devotos, a renúncia de tudo, inclusive da vida, a cega obediência e o espírito de ordem monástico-guerreira que os tornava membros de uma cavalaria espiritual, logo estreitou ainda mais o idealismo dos cavaleiros cristãos com dos assassinos.

Os templários não só terão adoptado uma série de princípios e estatutos da Ordem dos Assassinos, como também terão feito suas, as cores deles: o branco e o vermelho. Tão próximas foram estas ligações que até Luís IX, rei francês, enviou certa vez uma missão diplomática a visitar o castelo de Jebel Nosairi, ocupado por um chefe da Ordem dos Assassinos. Frederico II, o Barbarossa, o imperador alemão que participou nas cruzadas, convidou vários assassinos para que o acompanhassem de volta à Europa. 

Quanto a esta ligação entre Assassinos e Templários, não há provas, apenas fortes indícios.

O fim da ordem

Protegidos por uma fortaleza tida como inexpugnável, que nenhuma força poderia tomar de assalto, foi preciso esperar a invasão dos mongóis, no século XIII (ano de 1256), pondo fim à ameaça que a seita dos assassinos representava em todo o Oriente Médio.
Hassan Sabbah foi assassinado pelo seu próprio filho, Mohammed que terá sido, por sua vez, também liquidado pelo seu filho.

A lenda deixada foi difundida no Ocidente pelos cavaleiros cristãos e pelos monges escribas que os seguiram, impressionados com as história horríveis a que os devotos assassinos estavam ligados, símbolos vivos do que era possível fazer com um ser humano, tornado um simples objecto perigoso a serviço do fanatismo.


Curiosidade: O próprio Marco Pólo observou e testemunhou de perto a fortaleza de Alamut.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Erro crasso!

Esta famosa expressão tem uma origem muito longínqua no tempo. De facto, Crasso existiu mesmo, e terá cometido um erro tão deplorável que ficou para a História.


Marcus Licinius Crassus Dives (115 a.C. – 53 a.C.) foi um patrício, general e político romano do fim da Antiga República romana. Dirigiu a vitória decisiva de Lúcio Cornélio Sula na Batalha da Porta Collina, tendo esmagado a revolta dos escravos, liderada por Espártaco (sim! Espártaco terá existido também!).

Crasso

A importância de Crasso na história resulta, porém, do auxílio financeiro e político que concedeu ao jovem nobre empobrecido Caio Júlio César, apoio que lhe permitiria o seu sucesso na carreira política.

Chegou a um pacto secreto com Júlio César e Cneu Pompeu Magno, o chamado Primeiro Triunvirato, para ficarem com o poder em Roma. Apesar da sua famosa riqueza, ansiava a glória militar.

Júlio César, Pompeu e Crasso

César conquistou a Gália (França), Pompeu dominou a Hispânia (Península Ibérica) e Jerusalém, por exemplo. Crasso tinha, assim, uma ideia fixa: conquistar os Partos, um povo persa cujo domínio ocupava, na época, grande parte do Oriente Médio - Irão, Iraque, Arménia e outros.

Em Novembro do ano 55, Crasso abandona Itália para se dirigir à sua nova província, onde montaria uma magnificente expedição contra o império Parto (Inverno de 55–54 a.C.) No mês de Junho de 53 a.C., o exército de Crasso (composto por sete legiões e tropas auxiliares) foi massacrado na Batalha de Carras — frente da superioridade da cavalaria inimiga — nas proximidades de Carras.



Mais de 20.000 soldados perderam a vida e cerca de 10.000 foram feitos prisioneiros ; a cabeça e a mão direita de Crasso foram levadas ao rei parto, Orodes II, como triunfo, havendo relatos que terá ficado exposta nas portas da cidade principal por meses...

Efectivamente, nesta batalha, Crasso cometeu uma série de falhas grosseiras. Confiou excessivamente na superioridade numérica das suas tropas, abandonou as tradicionais tácticas militares romanas e, na inquietação de chegar prontamente ao inimigo, atacou cortando caminho por um vale estreito, de pouca visibilidade. As saídas do vale, então, foram ocupadas pelos partos e o exército romano foi brutalmente dizimado. Estes equívocos passaram à História através da expressão erro crasso, que remete a uma falha grosseira de planeamento, com consequências trágicas.

Levonian, professor de Letras da Universidade Luterana do Brasil,  explica que a expressão "erro crasso" é parente de outras, como "calcanhar de aquiles" ou "vitória de pirro", ambas remetem a histórias da antiguidade. "Elas disseminaram - se principalmente no século XIX e no início do século passado. Estudar a Era Grega e Roma era comum, e esses acontecimentos acabavam por se transformar em expressões de quem queria demonstrar alguma erudição", comenta o professor.

O pior é que, em latim, crassus também é um adjectivo e significa "graxo", ou gordo. Segundo Levonian, “gordo” em nada se relaciona com a expressão: “um erro crasso” é assim chamado devido à enormidade de incompetência e ignorância  militar de Marco Licinius Crasso, eternizado na expressão “erro crasso”, existente na maioria dos idiomas.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O túmulo

Parece algo retirado de um livro de ficção, mas um investigador florentino afirma mesmo ter descoberto o túmulo de... Mona Lisa.



De nome verdadeiro Lisa Gherardini, Gioconda terá nascido em Maio de 1479 e foi a segunda mulher de um abastado negociante de seda, Francesco del Giocondo, do qual terá tido cinco filhos. De acordo com vários investigadores, terá sido ela quem inspirou Leonardo da Vinci para o célebre quadro. A Mona Lisa (Mona, ou Monna, é a contracção de Madonna) terá morrido com 63 anos no Convento de Santa Úrsula, para onde se terá retirado e ficado nos últimos anos de vida. Situado não muito longe da Basílica de S. Lourenço, o convento está hoje ao abandono.
O investigador,  Giuseppe Pallanti, afirma ter encontrado, ao explorar os arquivos de uma igreja do centro histórico da cidade, uma certidão de óbito referindo "a esposa de Francesco del Giocondo, morta a 15 de Julho de 1542 e enterrada em Santa Úrsula", "Foi neste convento que a Mona Lisa pôs a sua última filha, Marietta, que se tornou depois religiosa”. E foi lá que ela, conforme previsto no testamento do marido, falecido quatro anos antes dela, acabou os seus dias, afirmou Giuseppe Pallanti ao diário La Repubblica.
São já muitos os anos que Pallanti dedica ao estudo de Gioconda. A identidade da Mona Lisa é uma questão que suscita um debate vivo, já que muitos académicos negam que Lisa Gherardini tenha sido o modelo que inspirou Leonardo da Vinci.
 Já depois das últimas declarações de Pallanti, o professor Carlo Pedretti, outro especialista em Da Vinci, lançou a ideia de exumar os presumíveis restos mortais da Mona Lisa para os submeter a uma análise de ADN. "Graças às técnicas actuais, os cientistas poderiam determinar o seu aspecto físico, talvez mesmo o seu rosto, e fornecer assim um contributo importante" para identificar o modelo do quadro, defendeu Pedretti.
Se por um lado adorava participar numa "expedição" como esta, podendo finalmente aliar a minha paixão pela História à Forense, por outro lado, nao me convenço muito desta finalidade em estudar o DNA de Gioconda (e quem prova que será mesmo ela?).  Em primeiro lugar, talvez o nome não fosse invulgar, mesmo o apelido, poderiam haver muitas mulheres com esse nome; em segundo lugar, não sei até que ponto o estudo do DNA poderia levar tão longe: não deve ter estado em perfeita preservação, terá séculos de degradação sem qualquer "protecção".

Seria muitissimo interessante, sim, mas não creio que se chegasse a uma certeza ou conclusão total.

Curiosamente, tanto a História como a Ciência são dois campos onde a palavra "certeza" nunca tem lugar.