Leça do Balio, cuja denominação provém do topónimo Leça, ou da palavra romana Decia. No caso de Balio, a evolução do vocábulo árabe Walli ou Valio através do latim até à forma portuguesa. Possivelmente, Balio deve fazer alusão a um cavaleiro de grau superior ao de comendador, proprietário de balia, antiga comenda das ordens militares.
De acordo com várias investigações arqueológicas levadas a cabo na região, existem indícios da existência de monumentos megalíticos em freguesias vizinhas, o que poderá significar que Leça de Balio já era ocupada há milhares de anos, desde o período Neolítico. Indícios de um pequeno castro da idade do Ferro foram também encontrados na elevação de Recarei, hoje Lugar de S. Sebastião.
Da época romana encontram-se espalhados pela freguesia diversos vestígios. O mais antigo documento escrito de que há conhecimento, no concelho de Matosinhos, e um dos mais importantes achados arqueológicos, foi uma ara, com uma inscrição dedicada ao deus Júpiter onde se lê:
"Flavus, filho de Rufo, cumpriu de boa mente o voto a Júpiter, Optimo e Máximo."
Segundo alguns autores, a palavra Bailio, teria vindo para Portugal com os Cavaleiros da Ordem de S. João de Jerusalém, pois sendo estes de origem francesa e a evolução do termo Walli para a língua franca deu Bayllie, seria esta a fonética utilizada para Bailio.
Contudo, vários são os entendidos que julgam que devemos dar, sem hesitações, preferência à palavra Balio.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), constantes no Dicionário Geográfico de Portugal, podemos ler:
" Na Provincia de Entre Douro e Minho, na Comarqua de Maya, e dentro do Bispado, e termo da Cidade do Porto, donde dista huma leguoa, está sita ã freguezia de Santa Maria de Lessa, commumente chamado do Balio, por ser esta Igreja Matris a cabessa do Baliado do mesmo nome de Leça;..."
À área de influência, sobre a qual a Ordem de S. João de Jerusalém possuía diversas isenções e privilégios, chamava-se Bailia e ao monge-cavaleiro que se encontrava responsável pelo Mosteiro e Bailia, chamava-se Bailio ou Balio.
O Dec. Lei de 13 de Maio de 1999, veio confirmar o nome desta freguesia como Leça do Balio.
Evidências Romanas
A Ponte da Pedra evidencia a sua origem romana, nas muitas pedras almofadadas que fazem parte da sua estrutura. Por ela passaria a principal estrada romana desta região, que segundo alguns autores ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga). Ao longo dos séculos esta ponte sofreu múltiplas reparações sendo o seu aspecto actual fundamentalmente medieval.
A Ponte de Ronfes ou da Azenha, também de origem romana estaria relacionada com a Karraria antiqua, citada em documentos medievais, como estrada secundária que ligava Cedofeita à Maia passando pelo território desta freguesia.
Da época romana também teria havido a Villa Decia e um templo dedicado a Júpiter (apontado no local onde hoje se situa o mosteiro de Leça).
Sob domínio do Império Romano, desenvolveu-se a prática agrícola. Após a queda do mesmo, pelos séculos VI e VII, fixar-se-iam nesta região, como em toda a Península Ibérica, os Suevos, Visigodos e os Árabes.
No território, que faz hoje parte da freguesia, estes povos encontraram já pequenos povoados agrícolas que se teriam fixado aqui já na fase final da dominação romana.
A história da freguesia daqui em diante passa a confundir-se um pouco com a história do mosteiro: o Mosteiro de Leça do Balio.
A região foi sede da antiga Baliagem ou Balia de Leça - couto da Ordem do Hospital - que existiu entre 1123 e 1835. A balia era constituída pelas freguesias de Aldoar, Custóias, Infesta e Leça do Balio, pensa-se que também Barreiros e S. Faustino de Guifões. O Couto de Santa Maria de Leça era constituído por todo o território pertencente ao mosteiro e sobre o qual a Ordem do Hospital exercia praticamente todo o tipo de poder económico, administrativo e jurídico, à excepção da pena capital.
Em 1258, a paróquia é constituída pelos lugares de Real, Goimil, Ponte do Leça, Fafiães, Santeiros, Recarei e 44 casais, com uma população de cerca de 220 habitantes.
A Idade Média reforça a característica de Leça do Balio como importante local de passagem. A restauração e melhoramento que ambas as referidas pontes romanas beneficiaram nesta era, constitui um bom exemplo da preocupação medieval em manter e melhorar a rede viária legada pelos romanos.
Extermínio Templário e os Hospitalários
Quando centenas de Templários foram perseguidos e exterminados por toda a Europa (ver neste blogue "O azar da sexta-feira 13"), os Templários Portugueses mudaram simplesmente o seu nome - como um negócio moderno muda o nome a fim de evitar débitos precedentes.
Os bens dos Templários foram atribuídos à Ordem de São João do Hospital (a mais antiga de todas as Ordens) ou Hospitalários "por terem a sua sede num hospital por eles construído em Jerusalém, hoje, porque ainda existe, é designada por Ordem de Malta, por ter a sua sede nesta ilha do Mediterrâneo" que em Portugal tinham as suas sedes no mosteiro de Leça do Balio e em Flor da Rosa - no Crato - excepto os bens que em Portugal ficam à ordem do Vaticano, que deverão ser consagrados ao combate contra os Mouros, pela criação duma nova Ordem, e em 1319, por iniciativa do rei D.Dinis, é aprovada pelo papa João XXII.
A Ponte de Moreira, já posterior à Idade Média, terá sido construída no século XVI, e constitui mais um dos locais históricos que abundam na freguesia.
No primeiro quartel do século XVI, Leça do Balio é constituída Município, com julgado próprio, composto pelas freguesias de Leça do Balio (sede), S. Mamede de Infesta e Custóias.
No século XVI, a 4 de Junho de 1519, o rei D. Manuel, atribui a Leça do Balio uma Carta de Foral.
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