Perdida na História

Perdida na História

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O indecifrável Manuscrito Voynich

       Considerado  o mais enigmático do mundo, o Manuscrito Voynich parece ter levantado um pouco o seu véu. Segundo notícias recentes, o departamento de Física da Universidade do Arizona terá decifrado o século em que o Manuscrito terá sido elaborado. Tudo o resto, permanece envolto num indecifrável mistério.

       "É um dos maiores mistérios da criptografia. O Manuscrito Voynich, descoberto em 1912, um livro ilustrado onde tanto as palavras como os desenhos não foram até agora compreendidos. A própria datação da obra estava envolta em polémica. Primeiro foi datada do século XIII, mas logo se chegou à conclusão de que não deveria ser anterior ao século XVI.




        Na Biblioteca Beinecke reservada para os livros mais raros de Yale encontra-se o mais enigmático manuscrito do mundo. Classificado como Manuscrito 408, trata-se de um livro com aproximadamente nove polegadas de comprimento e 235 páginas (embora algumas páginas se tenham  perdido). A escrita usada no documento é única e as suas páginas estão ilustradas com uma infinidade de gravuras e diagramas: plantas, mulheres nuas, mapas astronómicos, fórmulas químicas e outros temas curiosos. Ninguém os parece entender.


 

         Até hoje ninguém sabe precisar quem teria escrito o Manscrito, qual o idioma usado e quais os segredos que ele guarda.

         Quem o escreveu?

        A primeira menção conhecida ao Manuscrito Voynich surgiu na Corte de Imperador Rudolph II do Sacro Império Romano Germânico. Rudolph II adquiriu o Mauscrito Voynich, comprado a um vendedor desconhecido pelo montante de 600 ducados - uma quantia inacreditável para um livro que ninguém era capaz de ler e/ou perceber. Fontes afirmam que o Imperador acreditava que o livro fora escrito por Roger Bacon (c. 1220-1292), um famoso monge inglês.

        Alguns historiadores afirmam que Bacon além de ser um alquimista era também um mago, envolvido com magia e evocação de anjos, assim como um impecável forjador de documentos. Os seus pontos de vista incomuns e rivalidade com seus colegas académicos renderam-lhe muitos inimigos, tendo sido preso por razões (ainda) desconhecidas.


          Entre seus trabalhos mais importantes contam-se Opus Major, Opus Minus e Opus Tertius, consideradas obras essenciais na história das ciências. Muitos estudiosos afirmam, contudo, que o Manuscrito Voynich não terá sido escrito por Bacon.

          Bacon tinha conhecimento de criptografia - aliás como boa parte dos estudiosos da época - mas se o documento foi escrito com um alfabeto codificado, trata-se de algo muito mais complexo do que qualquer código secreto utilizado há tantos séculos atrás.



         Alguns apontam para uma inscrição no livro que identificaria Bacon como o verdadeiro autor, mas tudo indica que esse trecho tenha sido o trabalho inteligente de um falsário. Um livro creditado a Bacon, afinal de contas, teria grande valor. Outras evidências contidas nas págians do manuscrito, tais como diagramas do que parecem ser plantas do Novo Mundo, sugerem que o Manuscrito Voynich não pertence à época de Roger Bacon.

         Se o Mauscrito não é um trabalho de Roger Bacon, então quem é o responsável por ele? É possível que o responsável seja outro indivíduo extremamente enigmático, o médico e mago da Rainha Elizabeth I, John Dee (1527-1608).
         Entre 1584 e 1588, Dee visitou Praga várias vezes como convidado de Rudolph II. Sabe-se que Dee tinha muito interesse em Criptografia,  possuindo uma grande coleção de livros que pertenceram à biblioteca de Roger Bacon. Além disso, durante a sua estadia em Praga, Dee mencionou num dos seus diários o pagamento de 630 ducados, aproximadamente o mesmo valor pago por Rudolph II para comprar o afamado livro.
         O manuscrito terá passado, então, por várias pessoas desde que foi visto com Rudolph II, até ser deixado como herança para um filósofo italiano chamado Joannes Marcus Marci (1595-1667).
Pouco antes de morrer, Marci enviou o manuscrito para o seu amigo Athanasius Kircher (1602-1680). Kircher foi o criador da "Lanterna Mágica" (um tipo de ancestral do projetor de slides),sendo considerado um expert em criptografia. Efectivamente, Kircher tentou sem sucesso descodificar o Manuscrito Voynich e, antes da sua morte, o livro desapareceu sem deixar vestígios.

Passaram-se dias, anos, séculos sem que o enigma fosse conhecido. O livro nunca mais apareceu. Até que...
 
 
          O manuscrito deve o seu nome a quem o apresentou ao mundo contemporâneo: Wilfrid Michael Voynich, um livreiro norte-americano de ascendência polaca. Alegadamente, o livro terá sido adquirido em 1912, no Colégio Jesuíta de Villa Mondragone, em Frascati (Itália) através do padre Giuseppe Strickland.


         Dentro do manuscrito encontrava-se uma carta muito velha e centenária, cujo autor era nada mais, nada menos do que Johannes Marcus Marci. Na carta, pedia ao seu amigo Kircher que decifrasse o enigma.
          Então, quem o escreveu? Ninguém sabe.
        
           O conteúdo
        "O livro é composto por imagens de plantas que não se conhecem, de organismos marinhos, símbolos astrológicos e figuras humanas feminina. Estas são acompanhadas por um texto escrito em caracteres não identificáveis."

           O volume, escrito em pergaminho de velino, é relativamente pequeno: 16 cm de largura, 22 de altura, 4 de espessura.
          Estudos consideram que o original teria 272 páginas, em 17 conjuntos de 16 páginas cada, outros falam em 116 folhas originais, tendo 1 se perdido. Mais uma vez, não há certezas.

         Percebe-se, pelos espaços no final direito das linhas, que o texto é escrito da esquerda para a direita, sem pontuação. Análise grafológica parece mostrar uma boa fluência. No total são cerca de 170 mil caracteres, 20 a 30 letras repetem-se, umas 12 palavras aparecem só 1 ou 2 vezes;  análises estatísticas (análise de frequência de letras) dão ideia de uma língua natural, europeia, algo como inglês ou línguas românicas.



           As ilustrações retratam plantas, diagramas astrológicos, e as mulheres nuas. Estas ilustrações são estranhas, mas muito mais estranho é o próprio texto, porque o manuscrito está escrito inteiramente numa misterioso alfabeto desconhecido, que tem desafiado todas as tentativas de tradução.
            Há evidência de dois diferentes "dialectos" (investigados por Currier e D’Imperio) e mais de um escrivão, provavelmente indicando um esquema de codificação ambígua.



            Alguns estudiosos afirmaram ser um tratado sobre ginecologia; contudo, é também um facto que aparecem numerosas imagens de plantas desconhecidas e indecifráveis.

            As ilustrações do manuscrito esclarecem pouco sobre o seu conteúdo;  contudo, implicam que o livro é composto por seis “seções”, com diferentes estilos e assuntos. Excepto para a última secção, que contém apenas o texto, quase todas as páginas contém, pelo menos, uma ilustração. As secções, e os respectivos nomes convencionais, são:

            A seção “ervas" do manuscrito contém ilustrações de plantas. Cada página apresenta uma planta (duas vezes), e alguns parágrafos do texto – um formato típico de herbários europeus da época. Algumas partes desses desenhos são maiores e mais limpas, parecendo cópias de esboços vistos na secção de produtos farmacêuticos.



- Astronómicas (ou astrológicas): contém diagramas circulares, alguns deles com sóis, luas e estrelas, sugestiva de astronomia ou astrologia. Uma série de 12 diagramas retrata símbolos convencionais para as constelações do zodíaco (dois peixes de Peixes, um touro de Touro, um soldado com besta de Sagitário, etc.) Cada símbolo é cercado por exatamente 30 figuras ,em miniatura, de mulheres, a maioria delas nus, cada uma com uma estrela. As duas últimas páginas desta seção (Aquário e Capricórnio, cerca de Janeiro e Fevereiro) foram perdidas, enquanto Áries e Touro são divididos em quatro diagramas emparelhado com 15 estrelas cada. 



- Biológica: um texto denso, contínuo, intercalado com números, mostrando na sua maioria pequenas   mulheres nuas, em piscinas ou banheiras, conectadas por uma elaborada rede de tubos conectores, alguns deles claramente em forma de órgãos do corpo humano. Algumas das mulheres usam coroas. Segundo estudiosos contemporâneos, as mulheres poderiam representar a criação e o renascimento da consciência.









- Cosmológicas: diagramas circulares, de uma natureza obscura. Esta secção tem  contém uma espécie de mapa ou diagrama, que ocupa cerca de seis páginas, com nove “ilhas”, ligadas por “calçadas”, castelos e, possivelmente, um vulcão.






- Farmacêutica: muitos desenhos pensam-se ser peças isoladas de plantas (raízes, folhas, etc); objectos que se assemelham a frascos de boticário, elaboradas ao longo das margens.


           Actualidade

         Um novo estudo do Departamento de Física da Universidade do Arizona vem pôr a data da origem do manuscrito em causa. As páginas do livro (em papel velino, uma espécie de pergaminho de alta qualidade) datam do século XV, descobriu a equipa dirigida por Greg Hodgins, depois da datação de radiocarbono por espectrometria de massa com aceleradores.

        A equipa conseguiu apenas datar as páginas e não as tintas. “Seria fantástico conseguirmos determinar com a ajuda do radiocarbono a antiguidade das tintas”, afirma o investigador. Mas esse trabalho parece ser quase impossível.

        Em primeiro lugar porque, à superfície, a quantidade de tinta é pequena, sendo muito baixo o conteúdo de carbono. Depois, algumas tintas não são à base de carbono. No entanto, as cores são consistentes com a paleta utilizada no Renascimento.




           As teorias sobre o livro e sua escrita enigmática variam, desde fraude, ou uma brincadeira de quem pensava intrigar a sociedade. Mas, de acordo com estudiosos, a repetição de determinados caracteres indicam uma espécie desconhecida de informação, e não uma brincadeira à base de rabiscos sem propósitos.

         Curiosamente, algumas fontes referem que os Illuminati teriam conhecimento deste Manuscrito, assim como se crê que o entendiam.

Fontes:

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