A palavra Carmina é o plural de Carmen (em português, Canção). "Carmina Burana" significa literalmente: Canções dos Beurens; esta última palavra refere - se ao facto de que os textos escolhidos para esta cantata secular foram descobertos em 1803 num velho e deserto Mosteiro beneditino da Baviera, em Benediktbeuren, no sudoeste da Alemanha.
Esta cantata é adornada por um símbolo da Antiguidade: a Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente a boa e a má sorte, sendo o poema uma parábola da Vida Humana exposta a constante mudança.
Nos poemas, é feito o apelo à Deusa da Fortuna (Fortuna = Sorte), muita adorada na Roma Antiga, (O Fortuna, Velut Luna), dividindo-se a obra em 3 partes:
- o encontro do Homem com a Natureza, principalmente com o despertar na Primavera (Veris eta facies);
- o encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (In taberna);
- finalmente, o encontro com o Amor (Amor volat undique).
A maioria dos mais de duzentos poemas sacros e seculares remonta ao século XIII e foi escrita por um grupo profano de monjes errantes, os Goliardos. Estes monges e menestréis, sozinhos e entregues a si próprios, passavam o seu tempo a dedicar-se aos prazeres mundanos, pelo que os seus poemas fazem a crónica das suas "obsessões".
"Carmina Burana", Carl Orff
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Em latim
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Em português
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O Fortuna,
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Ó Sorte,
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Velut Luna
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És como a Lua
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Statu variabilis,
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Mutável,
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Semper crescis
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Sempre aumentas
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Aut decrescis;
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Ou diminuis;
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Vita detestabilis
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A detestável vida
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Nunc obdurat
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Ora oprime
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Et tunc curat
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E ora cura
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Ludo mentis aciem,
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Para brincar com a mente;
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Egestatem,
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Miséria,
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Potestatem
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Poder,
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Dissolvit ut glaciem.
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Ela os funde como gelo.
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Sors immanis
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Sorte imensa
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Et inanis,
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E vazia,
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Rota tu volubilis
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Tu, roda volúvel
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Status malus,
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És má,
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Vana salus
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Vã é a felicidade
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Semper dissolubilis,
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Sempre dissolúvel,
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Obumbrata
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Nebulosa
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Et velata
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E velada
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Michi quoque niteris;
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Também a mim contagias;
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Nunc per ludum
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Agora por brincadeira
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Dorsum nudum
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O dorso nu
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Fero tui sceleris.
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Entrego à tua perversidade.
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Sors salutis
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A sorte na saúde
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Et virtutis
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E virtude
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Michi nunc contraria
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Agora me é contrária.
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Est affectus
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Dá
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Et defectus
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E tira
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Semper in angaria.
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Mantendo sempre escravizado
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Hac in hora
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Nesta hora
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Sine mora
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Sem demora
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Corde pulsum tangite;
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Tange a corda vibrante;
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Quod per sortem
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Porque a sorte
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Sternit fortem,
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Abate o forte,
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Mecum omnes plangite!
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Chorai todos comigo!
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Fonte: http://orbita.starmedia.com/carminaburana2/origem.htm