O conjunto de pedras gigantes que se ergue no sul da Grã-Bretanha, em Stonehenge, marca o apogeu da civilização megalítica que se propagou ao longo da costa da Europa Ocidental no III milénio e terá desaparecido totalmente cerca de 1 500a.C. O que significam os monumentos erguidos, quem os colocou lá e qual a sua real finalidade são questões que ainda hoje não encontram resposta. Contudo, algo foi finalmente comprovado.
O que terá levado os homens desta época a colocar e a cravar blocos de pedra gigantes (menires), mal desbastados neste local? Que razões impenetráveis aos nossos olhos os terão levado a alinhá-los ao longo dos campos? Porquê colocá-los em círculos (os cromeleques) em torno de túmulos funerários? A que rituais funerários obedeciam quando colocam por cima dos túmulos colectivos as imensas lajes dos dólmenes? São um mar imenso de dúvidas sem resposta. Contudo, é dificil para quem se aproxima deste local aperceber-se de tudo isto: se por um lado o local tem uma áurea de santuário, por outro lado, só nos apercebemos realmente da sua magnificiência quando o vimos do alto, em toda a sua exuberância.
Um culto solar?
Nos finais do III milénio, ou mesmo antes, um círculo de buracos rituais rodeados por um fosso e um talude circular sacraliza o lugar no interior do qual foram erguidos, por ordem e em diferentes épocas (supõe-se que em 3 fases de construção), os menires de Stonehenge. São talvez 40 os que se conservam ainda hoje de pé. Na sua maioria com 4,15m de altura, estão unidos dois a dois por lintéis monolíticos - pesadas travessas horizontais de um bloco único. Originalmente formavam um círculo de 31m de diâmetro. Dentro deste primeiro círculo, menires mais pequenos descrevem um segundos círculo, ainda hoje visível. Cada um com três blocos, os cinco menires do interior atingem os 6,70 m de altura, estando dispostos em ferradura. Não se sabe que razões terão ditado o plano geométrico do local ou que critério terá sido utilizado para a escolha das alturas.
Sabe-se, contudo, que a via ladeada de menires, hoje desaparecidos, que conduzia o santuário ao rio Avalon, se orientava segundo o eixo do Sol nascente no solstício de Verão. Ora, os alinhamentos dos menires de Carnac, na Bretanha, os mais célebres do mundo, são alinhados pelo percurso do Sol nas diferentes épocas do ano. Desta forma, há a tentação em concluir que talvez Stonehenge, à semelhança daquilo que ocorre em todos os grandes sítios megalíticos por toda a Europa, correspondia a um culto solar. Levanta-se aqui outra questão: que culto solar? E estará esse culto ligado ao culto da Lua tal como também já se supôs?
Ao meditar sobre os mistérios de Stonehenge, vale lembrar que, naquela época, diferentes tribos e autoridades contribuíram para a construção de Stonehenge. Cada um pode ter tido objectivos diferentes para construir o monumento.
Não se sabe quem construiu Stonehenge, sendo que a teoria popular de que teriam sido os druídas está hoje refutada, pois o monumento foi concluído 1 000 anos antes de os druídas tomarem "o poder". Contudo, os arqueólogos notaram a quase total ausência de "lixo" no local, indicando que o local era solo sagrado.
Stonehenge?
Os saxões chamavam ao grupo de pedras erectas "Stonehenge" ou "Hanging Stones" (pedras suspensas), enquanto os escritores medievais se lhes referem como "Dança de Gigantes"
Força humana
Pensa-se que este local terá originalmente tido 125 menires. As suas pedras maiores pesam 50 toneladas. Este facto levanta uma questão: como terão sido tranportadas para o local? São muitas as hipóteses: por via marítima? de trenó? sobre rolos? ou sobre achas de madeira dispostos num aterro feito para o efeito?
Já no que diz respeito à colocação das pedras, numa altura em que se supõem não existirem sistemas de elevação, como terão conseguido colocar exactamente na vertical pedras de uma altura tão grande? Para esta questão existe uma explicação plausível: as pedras terão sido trazidas sobre toros de madeira até ao local onde deveriam ser colocados, havendo aí um fosso escavado para receber a pedra. Aí terão sido equilibradas graças a uma massa de terra, sendo depois imobilizadas com terra e calhaus para assegurar a sua completa estabilidade.
Magia?
É no entanto curioso que na Idade Média Stonehenge suscitava muitas teorias acerca do autor da sua construção. De facto, para muitas pessoas desta época da História, este santuário teria mesmo sido construído pelo feiticeiro Merlin.
Stonehenge sobreviveu e a sua magia nunca desapareceu. Atribui-se ao mago Merlim o levantamento das pedras, enquanto que a população local acreditou por muitos anos que as pedras tinham poder curativo que, quando transferidos para a água, conseguiam curar todo o tipo de doenças.
A origem das pedras: finalmente a comprovação
A proveniência de parte das pedras que organizam o círculo mais interno do monumento de Stonehenge foi comprovada. As rochas são provenientes de um afloramento rochoso no norte do condado de Pembrokshire, situado na costa do País de Gales.
Os investigadores da Universidade de Leicester e do Museu Nacional de Gales estudaram a mineralogia de um tipo de rochas que constituem o círculo central do monumento para determinar o local da sua origem.
Richard Bevins e Rob Ixer foram mais longe e comprovaram que as pedras fazem parte de um afloramento rochoso granítico chamado Craig Rhos-y-felin, que fica perto de Pont Saeson, no Norte do condado de Gales.
Ao longo de nove meses os cientistas estudaram as rochas chamadas de bluestones situadas no círculo mais interno do monumento. As bluestones são um termo genérico que se refere às pedras que são originárias de outro local e foram trazidas para ali. Engloba 20 tipos de rochas diferentes. Os cientistas associaram a origem de 99% das amostras de bluestones a este afloramento granítico em particular.
No entanto, surge uma nova dúvida: porquê ir buscar tão grande carga a uma distância tão grande, quando se supõe que naquele local houvesse igualmente pedreiras?
Estranhos desenhos
Não bastava já todo o enredo misterioso que circula à volta de Stonehenge, tendo-se ainda verificado que este complexo está interligado ao complexo dos Círculos Ingleses.
Alguns arqueólogos passaram a tentar encontrar algumas explicações naturais para desvendar o mistério dos Círculos Ingleses, como fenómenos climáticos inusitados, casualidades meteorológicas, entre outras hipóteses mais complexas. Esses desenhos (círculos ingleses) costumam aparecer frequentemente em plantações de trigo, soja, cevada e milho. O mais interessante foi ter-se comprovado que os cereais se desenvolvem muito mais rápido no centro desses desenhos do que nas extremidades dos mesmos.
Há muitos indivíduos a tentar interpretar o significado destes desenhos: alguns tentando-os ligar a símbolos matemáticos, outros a sistemas astronómicos, além de compará-los à símbologia de civilizações antigas, como Persas, Druidas, Romanos, Celtas, Egípcios.
Por agora, fica a certeza: não existem muitas certezas acerca de Stonehenge.
Fontes:
Jornal PÚBLICO 19/12/2011
http://www.canaldehistoria.pt/noticias/2363/As-pedras-de-Stonehenge
Astier et al, (2000), Memória do Mundo, Cículo de Leitores
http://www.canaldehistoria.pt/noticias/2363/As-pedras-de-Stonehenge
Astier et al, (2000), Memória do Mundo, Cículo de Leitores
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