Perdida na História

Perdida na História

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

25 de Dezembro

      Decorria o ano de 440 e o Papa dá a bênção a uma festa para os Cristãos: 25 de Dezembro é então definido como a data de nascimento de Jesus e a prática do Natal é oficializada. Contudo, ao contrário daquilo que a maioria das pessoas pensa, o Natal tem a sua origem há muitos séculos atrás, muito antes do nascimento de Jesus.

O dia 25 de Dezembro
      É consensual: o dia 25 de Dezembro era, em várias religiões ditas pagãs, o dia em que se comemorava o nascimento e se venerava o deus Sol. Por exemplo, na religião Persa, Mitra terá nascido a 25 de Dezembro. Numa altura em que a cristandade não era ainda uma larga maioria, os líderes religiosos tiveram a percepção de que proibir as festividades pagãs seria inútil: quanto mais proibitivo se tornasse, mais força ganharia, ou não fora assim mesmo que o Cristianismo ele próprio terá ganho expressão?

      Ao fazer desaparecer este dia 25 de Dezembro, onde em diversos pontos do Próximo e Médio Oriente, Norte de África eram celebrados impressionantes festivais em honra de diversos deuses, Roma corria o sério risco de deixar ali um vazio, provocando um profundo descontentamento na população. Deu-se então preferência à substituição do dia “pagão”, pelo dia “santo”.
      Curioso mesmo é que o Egipto e o Oriente festejavam a Natividade em Março, entre os dias 25 e 28.

A Saturnália
      Situando-se previsivelmente entre o dia 17 e o dia 1 de Janeiro, a Saturnália talvez fosse das festividades mais importantes para o povo romano. Algumas fontes revelam que há a possibilidade de que, durante esse período, não se trabalhava, sendo os dias dedicados à visita de amigos, confraternização e troca de presentes. Apesar das fontes não terem total certeza, consta que neste período de grandes afectos, os escravos teriam permissão para fazer o que mais gostassem, sendo nalguns casos servidos pelos próprios amos. A Saturnália era uma festa muito importante em honra de Saturno, pelo que durante a festividade, um indivíduo era coroado rei, interpretando o papel do deus Saturno. Nesta época, os cidadãos substituíam a sua toga pela simples túnica e até as campanhas militares eram formalmente suspensas.




O Solstício
      Também neste período do ano, marcado pelo solstício de Inverno a 21 de Dezembro, o povo romano era ainda mais devoto aos deuses, entregando toda a sua devoção e oferendas em troca de um Inverno brando, assim como do regresso do Sol na Primavera, por forma a terem um excelente ano de colheita. Qual a ligação com a Saturnália? Efectivamente, além de associado à força e justiça, o deus Saturno estava também interligado com a agricultura, daí a grande festividade neste período em sua honra.
Natalis Solis Invicti
      Já no que diz respeito ao dia 25 de Dezembro, contam algumas histórias da época que seria mais ou menos a partir deste dia que os pastores começavam a notar o crescimento dos dias, ou seja, o dia mais longo que a noite: apesar de frio, o sol começava agora a fazer-se sentir lentamente.  Até as ruas eram decoradas com ramos por forma a espantar os maus espíritos.
     De facto, no dia 25 celebrava-se já desde o Imperador Aureliano a Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), uma homenagem ao deus persa Mitra, também ele popular em Roma. As festividades pagãs do Natalis Solis Invicti envolviam a decoração de árvores com luzes (velas) e a troca de presentes.


      Juliano,  sobrinho do imperador Constantino, comentou a festa de 25 de Dezembro:
      "Antes do inicio do ano, no final do mês cujo nome é segundo Saturno (dezembro), celebramos em honra de Helios (o Sol), os jogos mais esplendidos e dedicamos o festival ao Invencível Sol... Que os deuses governantes me concedam louvar e sacrificar neste festival com sacrifícios! E sobre todos os outros, que Helios mesmo, o rei de todos, conceda-me isto".



      Já na altura de oficializar o Natal Cristão, a argumentação da Igreja na altura foi clara: “Jesus é o Sol da Justiça”.
      Tanto pagãos quanto cristãos, ficaram satisfeitos: quanto ao povo não - cristão, terão visto ali uma forma de integração na nova religião, sem que os seus cultos fossem modificados em grande escala; quanto aos cristãos, passaram a ter a bênção oficial da Igreja para festejar a Natividade, neste caso, naquele dia específico. Alguns afirmam que terá sido uma habilidosa forma de atrair pagãos para o cristianismo.
      Terá sido no ano 440 que se tornou oficial: Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro.


     Todavia, os cristãos do Oriente terão adaptado esta celebração para o dia 6 de Janeiro, curiosamente também com um pano de fundo pagão, visto ser a data da aparição de Osíris entre os egípcios e de Dionísio entre os gregos.

Setembro

      Efectivamente, do ponto de vista actual, pensa-se que não era possível Jesus ter nascido em Dezembro, senão veja-se: é narrado que os pastores também viram a estrela cadente, pois ainda estariam nos seus campos. Ora, no Próximo Oriente o frio em Dezembro é bastante acentuado, não sendo plausível a presença de pastores no campo numa noite invernal, nem tão pouco a longuíssima viagem dos reis.

       Contudo, e juntando a possível existência da estrela cadente (partes de meteoritos ao entrarem na atmosfera terrestre) à presença dos pastores nos campos, são vários os historiadores que apontam este nascimento para o final de Setembro, início de Outubro, onde a probabilidade do céu estar limpo é maior, logo, a visualização do possível fenómeno da estrela também. Obviamente, não existe qualquer certeza neste campo, sendo apenas possibilidades apontadas pelos especialistas bíblicos, arqueólogos e historiadores.


Algumas curiosidades
     - Devido à sua origem não - bíblica, no século XVII, o Natal foi proibido em Inglaterra e nalgumas colónias americanas. Os indivíduos que ficassem em casa e não fossem trabalhar no dia de Natal eram multados. Porém, os velhos costumes foram mais persistentes e voltaram.
     - Alguns historiados apontam as Saturnálias como a festa que mais tarde veio a originar o Carnaval.
     -Qual o motivo da decoração da árvore de Natal com bolas e outros adornos? Tudo aponta, uma vez mais, para a integração na religião cristã de cultos há muito enraizados nos povos: colocar adornos nas árvores natalícias remonta aos tempos em que os povos colocavam frutas, em especial maçãs, nas árvores, no Inverno, como forma de pedir aos deuses abundância e fertilidade nas colheitas do ano vindouro.  

      - Segundo Acir, na Bíblia apenas são mencionadas duas festas natalícias: uma quando o faraó comemora o seu aniversário e a segunda quando Herodes oferece, num banquete, a cabeça de João Baptista a Salomé. Quanto ao faraó, também este festejo terá tido associada uma morte: a do seu padeiro. Um historiador comentou: "A noção de uma festa de aniversário era desconhecida aos cristãos da igreja primitiva."
      -A Nova Enciclopédia Católica reconhece: "A data do nascimento de Cristo não é conhecida. Os evangelhos não indicam nem o dia nem o mês." A revista católica americana U.S. Catholic diz: "É impossível separar o Natal de suas origens pagãs."

  -As antigas comemorações de Natal costumavam cerca de 12 dias, o tempo que os três reis Magos levaram até chegarem a Belém. Actualmente, é costume montar as árvores de Natal e outras decorações no começo de Dezembro e desmontá-las cerca de 12 dias após o Natal.


Não existe consenso acerca da data do nascimento de Jesus. O que é facto é que, há muitos séculos, o Natal é símbolo de União, Fraternidade, Paz e Alegria. 

Desejo a todos um Feliz Natal! ;)



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