Perdida na História

Perdida na História

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Al Capone e o Dia de São Valentim

Não é muito conhecido, mas um dos mais famosos criminosos dos USA, Al Capone, tinha estado já preso antes da sua tão famosa prisão por fuga aos impostos. Ocorreu após o massacre do dia de São Valentim.
Detenção
      Decorria o ano de 1929 e Al Capone, juntamente com o seu guarda-costas, foi preso por posse ilegal de uma arma de calibre 38. A captura ocorreu em Filadélfia, em frente a um cinema. Contudo, se por um lado Chicago continha a respiração perante a detenção de tão perigoso homem, o próprio Al Capone terá festejado o acontecimento.

Al Capone, na Time
Motivos
     O próprio gangster declara-se culpado. Que forte motivo terá levado a tão arriscada decisão? Al Capone era investigado por vários crimes, ligados a vários ramos do crime organizado, na época da Lei Seca americana. Al Capone aceita, efectivamente, um ano de prisão na  Penitenciária Eastern State dispensando a liberdade que poderia ser facilmente comprada pela fiança de 35 000 dólares.
      O facto é que, estando preso, Al Capone conseguia habilmente liderar todos os seus subordinados no perigoso submundo de Chicago – e, o que é melhor, agora contando com protecção máxima e gratuita fornecida oficialmente pelo governo americano. Al Capone tinha todos os motivos para se retirar de Chicago.

São Valentim
      É claramente sabido que, durante a Lei Seca, havia centenas de carregamentos de bebidas alcoólicas a entrarem ilegalmente nos USA. Por traz disto estariam diferentes grupos de crime organizado, entre eles o grupo liderado pelo perigoso Al Capone.
      No dia 14 de Fevereiro de 1929 são encostados à parede de uma garagem 7 homens e, seguidamente, fuzilados. Tudo acontece da forma mais inacreditável possível. Entram no local dois policias, ordenando aos indivíduos presentes que se encostassem à parede, com as mãos levantadas, para que a polícia conseguisse verificar se estavam na posse de armas. Faz-se um sinal, e entram mais indivíduos no local. Aparentemente não houve resistência, pois devem ter acreditado tratar-se da polícia, fazendo uma exibição para saírem bem nos jornais do dia seguinte. As rajadas começaram, vindas de sub-metralhadoras Thompson. Foram contadas setenta cápsulas das armas.


       Na manhã seguinte, os elementos mortos são identificados como pertencentes ao grupo criminoso liderado por Bugs Moran, um polaco-irlandês também residente nos USA. Aliás, sabe-se que muito do que aconteceu, ter-se-á devido a uma possível confusão: os assassínos pensaram ter identificado no local o próprio Bugs Moran, sendo a altura ideal para o fuzilar.
O grupo identificado era:
·      Peter Gusenberg, um assassino.
·      Frank Gusenberg, o irmão de Peter Gusenberg e também outro assassino. Morreu três horas depois da chegada da polícia.
·      Albert Kachellek, conhecido como "James Clark", o braço direito de Moran.
·      Adam Heyer, o contador e chefe administrativo de Moran.
·      Reinhart Schwimmer, acompanhante dos criminosos, apesar de não haver qualquer crime da sua autoria (que se saiba).
·      Albert Weinshank, quem limpava o terreno para as operações de Moran. Provavelmente confundido com Moran na noite do crime.
·      John May, um mecânico legalizado, casado e com sete filhos, o que provavelmente o levara a aceitar serviço ilegal.

       Uma das vítimas encontradas agonizante, Frank Gusenberg, quando perguntado sobre quem o havia baleado, respondera: "I'm not gonna talk - nobody shot me" ("Eu não vou falar - ninguém me baleou"). Foram contados 14 ferimentos de bala no corpo.

Culpados?

      Inicialmente, o então designado “Massacre do Dia de São Valentim” foi atribuído à Policia americana, alegando-se represálias pelo tráfico de álcool. Mais tarde, chegou-se a diferentes conclusões. Tudo indicava que os policias que entraram na garagem não eram na realidade polícias, mas sim membros do gang de Al Capone, rival do grupo de Bugs Moran. Aproximadamente um ano após o assassínio, a polícia invadiu a casa de Fred Burke, um assassino profissional, por vezes contratado por Capone. Foram, então, encontradas as armas usadas no Massacre do Dia de São Valentim. Burke nunca foi acusado de ter participado do morticínio, sendo apenas condenado pelo assassínio de um polícia no estado do Michigan.
      Ninguém sabe com clareza quem cooperou no massacre, mas os mais prováveis suspeitos eram Jack McGurn, Tony ‘Joe Batters’ Accardo, George Ziegler, Claude Maddox, Gus Winkler e Guindaste Neck Nugent, todos amigos privados de Al Capone.
De mãos atadas

      Nessa noite, Al Capone fez várias aparições na Flórida, local onde estaria a passar férias. A polícia, apesar de ter várias suspeitas óbvias relativamente ao envolvimento de Capone no assassínio, nada pôde fazer, visto não terem provas que o ligassem àquela noite. A polícia saiu de mãos atadas.
      Em Março do mesmo ano, Capone foi detido por um delito menos grave, ofensas em tribunal, pelo que para ser liberto deveria pagar uma fiança de $1 000. Al Capone, como bom cidadão que era, deixou não $1 000, mas $5 000, saindo sarcasticamente em liberdade.



 Ajuste de contas
      Apesar de a polícia não o conseguir ligar ao crime, no submundo de Chicago, os diversos gangs não tinham dúvidas do seu envolvimento. Sedentos por vingança, os gatilhos dos rivais irlandeses de Bugs Moran continuavam a procurá-lo em Chicago. Era chegada a hora então de um período sabático – que o gangster resolveu passar na Filadélfia, aceitando de boa vontade ser detido, sem pagar a fiança.
Férias na cadeia
      De acordo com fontes da altura, as paredes da cela do criminoso terão sido testemunhas de todas as regalias e de todas as faustosidades, nunca antes concedidas a um criminoso. A sua cela foi transformada numa espécie de quarto de hotel,
“Com tapetes macios, cortinas de chita, uma confortável poltrona, um requintado abajôur, uma escrivaninha e um portentoso rádio que povoa com acordes de valsa o ar da câmara do mafioso. Quadros de extremo bom gosto disfarçam as paredes cinza da célula. Ao menos por enquanto, não há telefone no recinto – mas o fora-da-lei está autorizado a fazer chamadas de longa distância da sala do director. Também estão liberadas as visitas, e os escudeiros Frank Nitti e Jack Guzik, além do mano Ralph Capone, já são figurinhas previsíveis como visitas em Filadélfia. A mordomia é tanta que "Scarface " já encontrou tempo até para remover as suas amígdalas no hospital da penitenciária. O período de resguardo pós-operatório foi deveras tranquilo.”

Cela de Al Capone, anos depois
Pressão
      A opinião pública, no entanto, não estava de acordo com aquilo que se fazia ouvia. A polícia, por seu lado, tentava por todos os meios ligá-lo à noite do crime de 14 de Fevereiro. É de referir que terão havido outros crimes igualmente hediondos, onde Al Capone teve a sua assinatura.
      Contudo, mais uma vez a polícia não tinha meios para o ligar aos crimes, pois ou não estava no local, ou nunca havia quem o denunciasse ou, evidentemente, nunca terá sido apanhado em flagrante. Parecia não haver meios para o ligar ao crime. Até que a polícia começa a apostar numa outra linha de investigação: fuga aos impostos. Pensa-se que, desde 1924, Al Capone terá facturado com as actividades ilegais cerca de 100 milhões de dólares, nunca declarados. Por vezes referia-se a isso no seu círculo privado:
"Afinal, o governo não pode legalmente recolher impostos de dinheiro ilegal".

O declínio
      O massacre terá ditado o declínio do poder criminoso de Bugs Moran. Conseguiu manter o controle do seu território até o início dos anos de 1930, até ser sucedido por Frank Nitti. Em 1931, Capone foi condenado por evasão de impostos e ficou preso por 11 anos.

      Ao contrário do que se possa pensar, para Al Capone a cadeia serviu como protecção e não como meio de penitência. Ali, continuou sempre a actuar sempre que possível, mas sempre sob a protecção governamental. Esteve 11 anos preso, definhando visivelmente, principalmente devido à doença sífilis.
      Morreu a 25 de Janeiro, de 1947, de peneumonia a ataque cardíaco, já em casa.


Fontes: 
http://www.diario-universal.com/2007/02/aconteceu/massacre-do-dia-de-sao-valentim/
http://www.fbi.gov/about-us/history/famous-cases/al-capone
http://veja.abril.com.br/historia/crash-bolsa-nova-york/al-capone-prisao-scarface-mafioso.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_do_Dia_de_S%C3%A3o_Valentim

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