Perdida na História

Perdida na História

sábado, 15 de dezembro de 2012

O último dos Condes de Portucale


      Decorria o mês de Fevereiro de 1017 quando o Conde Nuno Mendes, Conde de Portucale, ataca o rei de Galiza e Portugal. Os exércitos encontram-se em Pedroso, perto de Braga. O Conde conhece ali a morte e consigo leva toda uma dinastia de Condes de Portucale. Haveriam de passar largas décadas até se formar aqui um novo país, Portugal. Contudo, morre aqui o último conde de Portucale.

      A revolta do Conde coloca um ponto final a um longo e extenso período de apagamento a que o condado de Portucale havia estado sujeito durante décadas, sempre sujeito a vários “acidentes”  de sucessão, sempre a debilitar a autoridade dos seus detentores. Sempre em segundo (ou pior) lugar pelo rei de Leão em favor dos infanções, que entretanto se tinham tornado senhores das “terras”, esta revolta contra o rei Garcia II, que havia chegado há pouco tempo ao poder, marcou a diferença, apesar do exército de Nuno Mendes II ser muito mais escasso. O conde deixa apenas uma filha, que acaba por casar com o alvasil Sisnando de Coimbra.

Acidentes ou crime?

      Depois da morte violenta do conde Mendo Gonçalves de Portucale em 1008, sem se esclarecer se foi em combate ou assassinado, os seus sucessivos sucessores passaram a sofrer uma série de infortúnios que apenas chegam até à actualidade através de vagas notícias dos “Anais Velhos de Portugal”. Na verdade, suspeita-se que vários deles tenham morrido assassinados, principalmente aqueles que desapareciam, sendo depois noticiado que “haviam morrido num combate”. Tempos escuros aqueles… 

     Tais acções levaram a que o poder viesse a cair na mão de indivíduos de categoria inferior a conde ou mesmo na mão de mulheres, o que não era muito vulgar na altura, como foi o caso de Toda, viúva de Mendo Gonçalves, Ilduara Mendes, viúva de Nuno Alvites. Em contraste com todas estas desgraças, os chamados infanções, de categoria inferior, que se tinham estabelecido como senhores de “terras” menores, não cessavam de aumentar o seu poder e extrema riqueza. Por outro lado, o rei Fernando Magno terá também ele contribuído para tal, ao mesmo tempo que dava uma mãozinha para a decadência dos condes de Portucale, confiando apenas aos infanções, e não aos condes, funções de representação da sua autoridade e, a ser verdade, mediante uma “homenagem” feudal, permitia que representassem a sua autoridade como governadores de “terras”.

      O que parece ser facto é que a grande maioria dos condes de Portucale foram, simplesmente, desaparecendo aos poucos.

Estátua de Vímara Peres, o 1º Conde de Portucale (Porto, Portugal)

O rei de Galiza e Portucale

        O rei Garcia segue a mesma política do seu antecessor. Chegaram até à actualidade documentos que, a serem autênticos, atestam que alguns infanções da família de Ribadouro oferecem a Garcia algumas das suas herdades e outros, pelo contrário, recebem do rei algumas das suas propriedades, como terá sido o caso dos infanções Monio Viegas e Afonso Ramires, recompensando-os pela sua fidelidade. Os documentos significam que os condes de Portucale não contavam com o apoio real, nem grandes apoios ao reclamarem maior benevolência ao rei de Portugal e Galiza, rei Garcia. Infelizmente não é do conhecimento académico nenhum documento que explique o que levou à guerra aberta entre o conde Nuno Mendes II, descendente da família de Vímara Peres, e o rei Garcia II, uma revolta aberta que acabou com a confrontação armada nos campos de Pedroso, junto ao Mosteiro de Tibães. A tradição refere que, acaso Mendes II tivesse ganho, teria finalmente declarado as terras de Portucale independentes, sendo portanto o primeiro rei de Portugal.


O fim da Galiza

     O interesse mostrado por Garcia II para com o território portucalense do seu reino seria mais tarde interrompido pelos conflitos que estalaram entre ele e os seus irmãos. Primeiro terá sido com Sancho rei de Castela e com Afonso rei de Leão que acabam por se unir contra Garcia. De facto, Sancho vence Garcia, prende-o em Burgos. Libertado pouco tempo depois, Garcia refugia-se na corte do rei de Sevilha, seu tributário. Efectivamente, toda a família nadava em profundas lutas, D. Sancho ataca D. Afonso, sendo este vencido e exilado em Toledo, depois, D. Sancho é assassinado por um cavaleiro após atacar a irmã em Zamora, D. Urraca. É a vez de D. Afonso regressar, tomando em seu nome todos os reinos do seu pai.  Depois, atrai à corte Garcia que é de imediato preso, até à data de sua morte em 1090. D. Afonso VI dá, mais tarde, ao conde Sisnando, genro de Nuno Mendes II, as terras do falecido sogro, pensando-se tratar-se de Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar, Barros e porventura ainda outras.

      No que diz respeito a Portucale, os documentos portucalenses da época mostram haver uma grande veneração por parte dos nobres portucalenses por este D. Afonso VI, outrora de Leão, agora rei de todos os reinos. Além disso, a rápida aceitação da sua política eclesiástica, que repudiava a liturgia hispânica e obrigava à romana, a obediência a bispos de origem estrangeira,  a submissão a príncipes igualmente estrangeiros como é o caso de D. Raimundo e de D. Henrique e a adopção de costumes monásticos cluniacenses, são sinais da alta fidelidade dos nobres de Portucale para com D. Afonso IV. Se assim não fosse, muitos eram os motivos para um novo motim.  

Henrique de Borgonha e a esposa, D. Teresa, filha de Afonso VI.

      O que é facto é que nos anos seguinte a grande rivalidade entre Galiza e Portucale não cessa, funcionando muitas vezes como uma guerra fria, primeiro a nível eclesiástico, com ferozes rivalidades entre Compostela e Braga, depois entre as famílias nobres de Portucale e os condes de Trava, vindo mais tarde a sussurrarem-se muitas intrigas e traições à volta de D. Teresa, futura mãe de D. Afonso Henriques, filha de Afonso VI.
      Só em 1094 o condado Portucalense conhece uma história diferente, na pessoa de Henrique de Borgonha, conde de Portucale. 

D. Henrique, conde de Portucale


Fontes

Oliveira Marques, AH; Carneiro, R; Teodoro de Matos, A (2001) O milénio Português – Século XIV O tempo das Crises, Circulo de Leitores SA
José Matoso (s/d) " A Nobreza medieval portuguesa no contexto ibérico"

sábado, 8 de dezembro de 2012

A mulher, o cerco e o cavalo.


   No século XII aC, após uns longos dez anos de cerco, a cidade de Tróia na Ásia Menor desmorona-se sob os ataques de uma coligação grega. Lenda ou realidade, perdura como mistério, mas a queda da cidade subsistirá durante séculos na memória quer de Gregos, quer de Latinos. Porém, descobertas dos último anos trazem à luz provas de que Tróia poderá ter sido mais do que lenda.



     Cenas de massacre e devastação, um pânico que se apoderou dos habitantes assim que os sitiadores entraram na cidade, invadindo habitações, palácios, reduzem os templos a escombros e cinza. São vistos gigantescos incêndios, tais são os episódios e memórias que os Antigos guardavam no seu espírito durante séculos, símbolos do horror da guerra.

Páris, o sobrevivente

     Príamo, rei de Tróia havido tido mais um filho com sua esposa, Hécuba: Páris. Diz a lenda que quando Páris nasceu, uma sacerdotisa haverá dito a Príamo que a criança deveria ser imediatamente morta, caso contrário, viria a destruir toda a cidade…
     Por forma a impedir a profecia, os pais de Páris abandonam a criança fora das muralhas da cidade, com o intuito da criança morrer, longe. Contudo, o destino ter-lhe-á dado uma oportunidade e o bebé é descoberto por pastores, entre os quais cresceu,  lá bem longe, nas colinas do monte Ida. Quando homem, casa-se com Enone, camponesa da região.

    Anos mais tarde, Páris regressa a Tróia por forma a competir nos jogos da cidade, tendo sido reconhecido pela família real. Coberto de profundo remorso, o soberano acolhe de imediato o seu filho, tornando-o de imediato embaixador de Tróia


.
     Durante uma sua expedição como embaixador a Esparta, Páris não consegue um encontro com o soberano local, Menelau que se encontrava ausente. Pelo contrário, encontra Helena.

Helena, Ulisses e um cavalo

     Na origem da luta impiedosa que opõem os gregos aos troianos, contam as fontes que terá existido um romance: Páris rouba a estonteante e bela Helena, esposa do rei Menelau.

    Rei sem esposa, vergonha pela certa, dado esta ter sido “raptada” pela sua própria vontade, não fosse Páris também ele um belo exemplar troiano…Para vingar a honra de Menelau, Agamémnon seu irmão reúne uma verdadeira irmandade de vários povos gregos, vindos de diferentes Cidades - Estado. Sob o seu comando, Tróia ficará cercada.



    Não terá sido só em Esparta que Páris causaria estragos: em Tróia, Páris renega Enone e o seu filho, tendo os dois de fugir, de novo, para as montanhas. Diz a lenda que terá sido a estupidez de Páris que, afinal, acabaria por salvar a vida quer a Enone, quer ao filho de ambos, Corito.





     Porém, voltando ao assunto da invasão grega, a construção das muralhas da cidade era de tal forma perfeita (atribuída a Poseidon) que os diversos assaltos dos sitiadores não lhe alteram a estrutura. Durante dez anos, frente à impenetrável muralha, nenhum dos heróis gregos – Ulisses, Nestor, os dois Ajax- conseguem produzir qualquer efeito na fortaleza. O futuro parecia eternamente longo, tendo pela frente apenas e só… a muralha.



      Desta forma, o mais astucioso dos gregos, Ulisses, tem a ideia de camuflar a entrada na desejada cidade, construindo um fabuloso cavalo, monstruosamente grande, com lugares para centenas de guerreiros no seu interior. Outros, porém, começavam a abandonar o exterior da muralha, para incredulidade troiana. No final, o que resta no exterior do recinto é o vazio. E um presente dos gregos. Um cavalo, um espectacular cavalo de madeira, tão grandioso que só Tróia se lhe compara. O cavalo é trazido para dentro das muralhas, para o seio da cidade.




     Diz a lenda que durante a noite os soldados escondidos no interior  da estátua saem para a escuridão da noite, abrindo as portas da cidades para os restantes soldados gregos que, afinal não se tinham retirado. Entram numa cidade adormecida e não vigiada, afinal, o perigo já tinha passado…




Aniquilação total: o nascimento de uma lenda

     Para os troianos, dispersos nas suas casas, adormecidos, indefesos e desarmados, a resistência é impossível. Enquanto inúmeros incêndios deflagram em vários pontos da cidade, os gregos entram nas casas, roubam tudo, matam, massacram.

“Nas ruas obscuras, os homens são mortos, as mulheres feitas prisioneiras.”




     Também o palácio do rei Príamo é invadido: Cassandra, a filha do rei, é arrancada do altar de Atena onde se tinha refugiado, tornando-se presa de Agamémnon; já a sua cunhada, Andrómaca, diz a lenda que fica “aos cuidados” do filho de Aquiles; quanto ao jovem Astíanax, filho de Heitor, é lançado do alto das muralhas. Quanto ao rei Príamo, apesar da sua idade avançada ousa pegar em armas para defender o que é seu, mas a verdade é que acaba decapitado.




     Todo o processo é feito ao som de lamúrios, gritos de agonia e terror. Depois de tudo, reina então, o silêncio final em Tróia. O espólio retirado do palácio real é posto à disposição de Ulisses. Percorrendo as longas muralhas, vê-se uma longa, longa fila de mulheres e crianças, acorrentadas, sangrando, assustadas e em silêncio, pensando no horrível destino que as aguarda.
      Já nada mais resta de Tróia, a não ser ruínas fumegantes.




Confusão histórica?

     Se por um lado grande terror rodeia os poemas de Homero, o chamado “inventor de Tróia”, o que é facto é que nos séculos seguintes ninguém tinha bem a certeza se a narração de Homero teria ou não sido verídica. Nos finais da Antiguidade, a história passa a ser olhada como lenda e não tanto como narração verídica:

“Este famoso cavalo de madeira era certamente uma máquina de guerra capaz de arrasar muralhas; ou então somos obrigados a acreditar que os Troianos eram muito estúpidos, insensatos e sem sombra de juízo”
(Pausânias, geógrafo grego século II)




     Progressivamente, a descrição da aniquilação da cidade é tida como uma peça literária brilhante e admirável, mas completamente desprovida de sentido histórico. Assim foi até que, em finais do século XIX, o alemão Heinrich Schliemann, um admirador e apaixonado pela literatura grega, decide provar que toda a narração de Homero existiu verdadeiramente, que Tróia existiu e que conheceu todo aquele fim trágico. Na década de 1870, o especialista traz à luz do dia,  na colina de Hissarlik (actual Turquia), não uma, mas nove cidades soterradas e sobrepostas, sendo que a mais antiga remontava ao IV milénio. Uma destas cidades era bastante rica em ossadas e vestígios de incêndios, pelo que muitos arqueólogos acreditavam ter-se finalmente encontrado a perdida Tróia, sendo que a lenda teria bastante material credível e real.



Imagem alusiva ao transporte do corpo de Heitor



      Porém, a datação da(s) cidade(s) não permitiu quer afirmar, quer excluir que Tróia havia sido encontrada. Actualmente, atribuiu-se a Tróia homérica a uma das cidades encontradas, sendo designada por Tróia VII.

A arqueologia das "várias Tróias"

      O grande interesse arqueológico por Tróia, prende-se, obviamente, com o interesse suscitado pela obra de Homero. A existência das nove cidades foi comprovada por estudos entre 1932-1938 pelo americano Carl W. Blegen, académico da Universidade de Cincinnati. Nessas escavações, foram identificados 46 estratos construtivos agrupados em nove grupos.



- Tróia I: sendo o estracto mais antigo, ocupa um pequeno espaço fortificado com menos de 50 metros na parte mais larga, datada de 3 000 – 2 600 aC, na 1ª fase do Bronze Antigo.

- Tróia II, também de pequenas dimensões, é também ela fortificada, com cerca de 100 m de extensão máxima. Pensa-se que seria um castelo, simples, porém abastado. Terá sido destruída pelo fogo cerca de 2300 aC, tendo nela sido descoberto um tesouro contendo jóias e objectos preciosos que Schliemann, pensando tratar-se da Tróia homérica, denominou Tesouro de Príamo. De facto, o descobridor oferece à sua esposa um bom conjunto de jóias, pensando tratar-se das jóias de Tróia, mais precisamente das jóias de Helena. 

Fotografia de 1874, de Sophia Schliemann, utilizando as jóias encontradas no local de escavação

- Tróia III, IV e V terão sido pequenas cidades de importância local, entre 2300 e 1900 aC, perto do final da época do Bronze Antigo;


- Surge, então, Tróia VII-a, a verdadeira Tróia épica, alegadamente destruída pelos gregos cerca de 1200 AC.

- Tróia VIII é da época clássica da Grécia;



     E, por fim, Tróia IX que pertencerá ao período helenístico-romano. A partir do século IV dC, desaparecem completamente os vestígios históricos da cidade.

      Apesar de não existir grande consenso entre o que é lenda e o que é História, diversos arqueólogos têm, ao longo dos séculos, encontrado demasiadas coincidências entre a trágica história de Homero e as ruínas que vão encontrando, sempre na esperança de um dia observarem um qualquer nome gravado, quer seja Príamo, quer seja Páris, quer seja o de qualquer um herói daqueles tempos já imemoriais.


Fontes:
Astier et al., (2000), Memória do Mundo, Círculo de Leitores




    

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pedro: o enamorado, justo e doente mental.


     D. Pedro I subiu ao trono de Portugal com 37 anos, em 1357. Era provavelmente já bem conhecido em todo o território nacional, estando muito habituado a percorrê-lo de norte a sul. A ideia geral, era a de ser um príncipe que gostava de confraternizar com o seu povo. Contudo, não é pequena a distância entre a lenda do formoso D. Pedro e a verdadeira natureza do monarca…

O justo

     D. Pedro era obcecado pela justiça. Procurava aplicá-la de forma uniforme e democrática, chamando a si litígios de qualquer natureza. Quer o conseguisse, quer não, este desejo contribuiu bastante para a sua popularidade diante da plebe, assim como para as indulgências gerais ante os seus desatinos, alienações e atrocidades.



     O facto de ser rei não fez com que este monarca assentasse, antes pelo contrário, continuou a vaguear pelo território, incapaz de se demorar em qualquer aldeia ou cidade ou região. Era instável. Esta constante necessidade de mudança indicava sem dúvida, além de instabilidade, um grande nervosismo. Contudo, a verdade é que nenhum monarca português daquele tempo deve ter conhecido tão bem o território nacional de Monção a Faro, de Sintra a Olivença.

Crise, crise, crise

     Uma crise generalizada caracterizou todo o reinado de D. Pedro, explicando muitas das suas medidas: regulamento das pastagens, protecção à agricultura, assim como, moralização exacerbada, discriminação contra os judeus, perseguição a feiticeiras e magos, punições altamente exageradas. Obviamente nada disto impediu a recorrência quer da peste, quer da fome.

     No campo da justiça, este reinado trouxe um conjunto de medidas importantes que continuaram as medidas já implementadas por Afonso IV, tal como a criação de novos concelhos, leis de fomento do comércio marítimo internacional, entre outras. Porém, há registos de episódios de alegada justiça simplesmente anedóticos, como os que se descrevem de seguida…

Adultério: o pecado dos outros

     Apesar de toda a lenda envolta do seu cego amor pela galega Inês de Castro, são várias as fontes que põem em causa a sexualidade do monarca, hoje tida como bissexual. De facto, o monarca havia sido casado com Branca de Castela, mas repudiou-a, argumentando que a princesa tinha um aspecto doentio e frágil. Depois surgem três filhos entre Pedro e Inês de Castro, o que acalmam os rumores.

     Porém, a justiça de Pedro era absoluta (e cega) no que tocava aos seus amores…O cronista Fernão Lopes escreve um capítulo de uma sua obra intitulando-o: “Como El-Rei mandou capar um seu escudeiro porque dormia com uma mulher casada", levantando o véu por entre os rumores que corriam: o monarca tinha ciúmes do seu escudeiro, de nome Afonso Madeira. O escudeiro é descrito como “um grande cavalgador, caçador, lutador e ágil acrobata”, escrevendo Fernão Lopes :"Pelas suas qualidades, El-Rei amava-o muito e fazia-lhe generosas mercês." Mas o escudeira amava uma mulher, Catarina Tosse, esposa do Corregedor, uma mulher "briosa, louçã e muito elegante, de graciosas prendas e boa sociedade". Alegadamente para se aproximar da tal mulher, Madeira fez-se amigo do Corregedor, vindo depois a consumar a traição. 



    D. Pedro descobriu o delito e não perdoou “ o seu amado”, castigando-o brutalmente. O cronista refere enigmaticamente: "Como quer que o Rei muito amasse o escudeiro, mais do que se deve aqui dizer (...)", mas assinala que D. Pedro mandou "cortar-lhe aqueles membros que os homens em maior apreço têm". O escudeiro terá recebido assistência e sobrevivido, mas "engrossou nas pernas e no corpo e viveu alguns anos com o rosto engelhado e sem barba". Este amargo episódio, assim como outros semelhantes, mostram que nem sempre a justiça do soberano era correcta e leal, misturando diversas versas justiça com os seus humores e vontades. Está visto que o adultério alheio o irritava particularmente. Alheio, dado que estando já casado com Constança, continuava a namorar Inês de Castro. Mas isto eram coisas de rei, logo, sagradas.
     Voltando à justiça, sabendo que uma mulher era infiel ao marido, ordenava que a prendessem em flagrante e a queimassem de seguida, imediatamente. Ao amante era aplicada a pena de degola.



     Por processo semelhante, sofreu o bispo do Porto análogo castigo. Uma história curiosa, digo eu. Passando na Invicta Cidade, D. Pedro mandou chamar o bispo à sua presença, fechou-se com ele, ordenou-lhe que se despisse da cintura para cima e, interrogando-o, dispunha-se a espancá-lo exemplarmente. O escrivão, servindo-se do pretexto de entregar cartas ao rei inadiáveis, conseguiu entrar na câmara e distrair o “régio algoz” do desígnio.

     Por outro lado, em Avis, um fidalgo foi degolado por ter agredido um porteiro que fora a sua casa executar uma acção de penhora. Enforcado foi um escrivão do tesouro que desviara uma pequena quantia.

     Se a sua ânsia de deambular de terra em terra se devia ao seu gosto em contactar com o povo, por outro lado, o que o movia ardentemente era o seu desejo de levar justiça a todos os cantos. Ao mesmo tempo que aplicava a justiça, mostrava-se afável com os que o serviam.
     
    Bastantes vezes açoitava com as próprias mãos malfeitores que eram trazidos à sua presença; repreendia-os em tom desabrido, na sua “difícil elocução de gago”, ameaçando com o chicote enquanto interrogava.

Hábil político?

     No que diz respeito à nobreza, o monarca nada fez para travar os seus excessos e influências. Pelo contrário. De facto, aumentou as quantias que recebiam, a concessão de sucessivas mercês, engrandecimento de vários senhores, apontando um grande passo atrás relativamente à política de D. Afonso IV e D. Dinis.

     No que concerne à Igreja, D. Pedro não parecia afeiçoar-se ao clero português. Perseguiu-o. Todo um conjunto de medidas indica muito pouca simpatia com o clero quer regular, quer secular. A D. Pedro se deveu também o começo das nacionalizações das ordens religiosas militares ao investir o filho bastardo João no mestrado de Avis. Tal filho bastardo será mais tardiamente D. João I, mestre de Avis, rei de Portugal, pai da Ínclita geração. Ora a mãe de D. João não era, obviamente, D. Constança, mas sim uma dama galega, D. Teresa. Mais uma vez, não terá sido adultério, mas acto sagrado…

    Quanto a política exterior, o monarca auxiliou Castela contra Aragão, vindo-se a revelar um hábil estratega aquando de evitar querelas com os ingleses, apoiantes do monarca deposto em Castela. Realmente, neste campo o rei parece ter-se rodeado de bons conselheiros, mantendo o reino em paz no difícil jogo a que obrigavam as discórdias internas do país vizinho.

O humor de D. Pedro

     Como já referido, o monarca não era de perfeita saúde mental. Tinha um carácter desigual e excessivo. Desmesurado nos arrancos com que exercia a justiça (?), desmedido nas paixões, como no caso de Inês ou do pajem, exagerado nos júbilos quando o humor lhe pedia que descesse à praça e se “imiscuísse nas alegorias populares, bailando e tangendo com a arraia miúda”.
     


    De facto, dos reis portugueses terá sido aquele que mais inspirou novelistas e poetas. O seu feitio chocante, as taras que o governavam, o episódio de Inês, o castigo que infligiu aos alegados assassinos de Inês, entre outros.

     São também curiosas as descrições acerca das noites em que o assolavam terrores nocturnos, levando-o a deixar a câmara e a mandar reunir as gentes nas ruas para improvisar, a horas tardias, bailes e cantigas populares: se o rei não conseguia dormir, porque haveria os servos e a plebe de conseguir?    

     O povo gostava dele. Mas temia-o. Seduzia-o um rei que não desdenhava de se lhes juntar nas festas, que justiçava quer o poderoso, quer o pobre (não interessava muito se havia ou não justiça, desde que houvesse castigo…), assim como um rei que evitava a todo o custo guerras com o exterior.

O episódio do casamento

      Em 31 de Agosto de 1339, o ainda príncipe Pedro casa-se com Constança Manuel, nobre castelhana. No séquito da rainha, entre muitas mulheres está Inês de Castro, galega, filha do altamente poderoso Pedro Fernão de Castro.

D. Constança 

     Quando nasce o primeiro filho do casal, D. Luis, a rainha convida Inês para madrinha do príncipe recém-nascido. Segundo os preceitos Católicos, toda e qualquer relação carnal entre os pais da criança e os padrinhos deverá ser vista como  pecado do incesto. Ora o pequeno infante morre com uma semana e Inês começa a ser mal vista em Portugal. Efectivamente,  se a criança morreu devido ao pecado ninguém sabe, mas a verdade é que Pedro há muito que traía Constança com a galega Inês e já todo o reino falava do assunto. 

Inês de Castro

    Além do escândalo, às claras, da rainha andar a ser traída, os influentes irmãos de Inês de Castro há muito que circundavam o ainda príncipe Pedro, por forma a requisitar-lhe benefícios em favor de Castela.
    Todo este pecaminoso envolvimento entre Pedro e a galega estava a trazer grande constrangimento a Portugal, principalmente ao rei D. Afonso IV seu pai, dado estar a influenciar a política interna portuguesa, relativamente a reinos espanhóis. Desta forma, Afonso IV manda exilar Inês, a qual tinha já três filhos com o príncipe. Mas a influência sobre o príncipe não cessou e, em 1355, Afonso IV manda executar a galega Inês, por forma a fazer voltar à facção portuguesa o filho.



     Tal não acontece. D. Pedro revoltar-se-ia pelo menos duas vezes contra o pai e quando sobe ao trono não cessa a procura pelos alegados assassinos da galega, matando-os de forma estranha: manda arrancar os corações aos dois homens, sendo que a Pedro Coelho fê-lo pelo peito e a Álvaro Gonçalves pelas costas; depois, manda queimar ambos, em frente ao palácio, de modo a que o Soberano pudesse assistir enquanto almoçava.

     Anos mais tarde, em 1360, D. Pedro jura solenemente perante as Cortes que se havia casado com a galega Inês fazia nessa altura sete anos. Não se lembrava da hora, nem do dia, nem tão pouco do mês. Testemunhas? O rei traz à presença das Corte o bispo de Évora e Estevão Lobato, um criado do rei. Nenhuma das testemunhas sabia a dita data do casamento.

Ilustração relativa ao casamento mencionado pelo rei com a galega Inês

     Porém, a ser verdade, Inês seria igualmente rainha de Portugal. Como tal, conta a tradição popular que o rei manda desenterrar a rainha (Inês de Castro, entenda-se), procede à sua coroação, obrigando de seguida a que todos os nobres beijem a mão do cadáver há muito em decomposição.
    
Ilustração relativa ao rei e ao cadáver de Inês de Castro

    Facto é que ambos os corpos estão sepultados juntos, no Mosteiro de Alcobaça, em dois soberbos túmulos mandados erigir pelo soberano Pedro.

Túmulo de D. Pedro


Túmulo de Inês de Castro

     Quanto a Constança, a História nunca se preocupou muito com o que sucedeu à verdadeira e consagrada rainha de Portugal. Morreu no dia 13 de Novembro de 1345, diz o povo que de desgosto,  vergonha, tristeza e abandono. Dias antes, a 31 de Outubro tinha nascido o futuro rei de Portugal, D. Fernando. A rainha Constança nunca chegou a ver Pedro sentado no trono, morrendo com 27 anos. O seu túmulo está no museu do Carmo, em Lisboa.

D. Constança

     Para o futuro fica apenas a brilhante história de amor entre um formoso príncipe (louco) e uma linda dama galega. Permanece nos cânones por não lhes ter sido permitido continuar a relação. Não importam as razões, não importa quem foi traído, não importam as loucuras perpetuadas por este rei louco. Fica para a História como o rei cuja amada foi morta, o belo casal Pedro e Inês. 

 Fontes:
Ribeiro, A;  Saraiva, JH (2004) História de Portugal – A afirmação do País – da conquista do Algarve à regência de Leonor Teles, Volume 2, Quidnovi
Oliveira Marques, AH; Carneiro, R; Teodoro de Matos, A (2001) O milénio Português – Século XIV O tempo das Crises, Circulo de Leitores SA

sábado, 1 de dezembro de 2012

O dia em que Portugal perdeu a Independência



Um rei alucinado

     Desde tenra idade Sebastião era uma criança problemática, em termos de saúde. Já em novo, padeceu de alguns ataques súbitos, possivelmente epilepsia. Porém, era de absoluta necessidade “restabelecer” este jovem, afinal, tratava-se do Rei de Portugal, coroado em 1557. 

    Apesar de uma saúde precária, Sebastião acreditava veemente ter sido o escolhido por Deus para grandes feitos, para grandes vitórias. Desde cedo manifestava grande fervor quer religioso, quer militar, uma combinação um tanto ou quanto perigosa…




     Dado os ferozes ataques de piratas na rota portuguesa para o Brasil, quer os frequentes assaltos de Muçulmanos aos territórios portugueses em África, nomeadamente Norte de África, a Coroa Portuguesa decide investir não na conquista de novos territórios, mas na manutenção das colónias já conquistadas e adquiridas. Quanto ao Rei, continuava a sonhar com batalhas, conquistas e a difusão da Fé, realmente convicto de ser o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do Norte de África.

A Batalha dos três Reis

     Sem casamento, sem descendentes, D. Sebastião começa a preparar uma magnífica expedição militar a Fez, após uma brava Batalha em Tânger (1574). O soberano aplica uma parte significante da riqueza do Império Português para equipar uma desmedida frota, assim como um grande exército. Quanto ao exército, terá sido este uma má escolha, dado incluir 2 000 voluntários de Castela (liderados por Alonso de Aguilar), 3 000 mercenários alemães e da Flandres (comandados por Martim da Borgonha) e ainda 600 italianos. 
     Curiosamente, no que diz respeito à parte portuguesa, tal não terá sido isento de alguma corrupção, o que fez com que o exército expedicionário, de cerca de 15 000 a 23 000 homens, fosse pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente e com pouca coesão. 



A "elite" do exército era composta pelos "aventureiros", nobres portugueses veteranos nas guerras de África e do Oriente, e pelos "mercenários" estrangeiros, veteranos das guerras do norte da Europa. A força expedicionária terá reunido também 500 navios”.

     A expedição parte a 25 de Junho de 1578, passa por Tânger, por terra, “havendo quem preferisse que se fosse por mar, para permitir maior descanso às tropas e o necessário reabastecimento em víveres e água”. A chegar a Alcácer Quibir, encontra o exército de Mulei Moluco, largamente superior, quer em número, quer em experiência. 

     

     Esta batalha ficou conhecida como a Batalha dos Três Reis: D. Sebastião, o seu aliado sultão Mulei Moluco (Abd Al-Malik da dinastia Saadi) e o opositor, Sultão de Marrocos Mulay Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadi), com apoio otomano.

Portugal desaparece?

     Para Portugal foi o desastre. O rei parte para a guerra sem esposa, sem descendentes, sem jovens parentes portugueses e não mais regressa. Grande tumulto em Portugal, quando o sucessor de D. Sebastião, o seu tio-avô o Cardeal-Rei D. Henrique, igualmente sem descendência, morre anos depois. Abre-se uma profundíssima crise. São apontadas quatro hipóteses de sucessão: Catarina de Portugal, (neta de Manuel I de Portugal, esposa de João I, Duque de Bragança); o seu filho adolescente Teodósio; António, Prior do Crato (neto de Manuel I, tido pela sociedade da época como ilegítimo) ou ainda Filipe de Habsburgo, Rei de Espanha, (também neto de Manuel I, por via feminina)




     Ganha Filipe de Habsburgo, Rei de Espanha, começando em Portugal um profundo e deprimente século de domínio espanhol. Foram três os Filipes espanhóis reinantes no território nacional: Filipe I de Portugal (1580-1598), Filipe II de Portugal (1598-1621) e Filipe III de Portugal (1621-1640) até à tão esperada Restauração da Independência, a 1 de Dezembro de 1640.

Portugal, novamente.

     Filipe I quando toma posse, nas cortes de Leiria, em 1580, assegura velar pelos interesses do País, respeitando as leis, os usos e os costumes nacionais. Obviamente, com o passar do tempo, essas promessas foram sendo desconsideradas, os cidadãos nacionais perderam privilégios e passaram a uma situação de subalternidade relativamente a Espanha. A situação torna-se agonizante, começando a existir conspiração em todos os recantos do país. Tornava-se, portanto, urgente, crucial, retomar para mãos portuguesas o território Português. Nesta conspiração, não só os nobres estavam interessados, mas a própria Igreja sentia que, além da perda de poder, a própria nacionalidade, o espírito português estava cada vez mais a desaparecer…lentamente, mas profundamente.  

     O texto seguinte demonstra bem o sentido português:

Parece não haver dúvida de que a ideia de nacionalidade esteve por trás da restauração da independência plena de Portugal após 60 anos de monarquia dualista. Cinco séculos de governo próprio haviam forjado uma Nação, fortalecendo-a até ao ponto de rejeitar qualquer espécie de união com o país vizinho. (…)A independência fora sempre um desafio a Castela e uma vontade de não ser confundido com ela. (…) Para a maioria dos Portugueses, os monarcas habsburgos não eram mais do que usurpadores, os Espanhóis, inimigos, e os seus partidários, traidores.” 

     Efectivamente, desde D. Afonso Henriques até ao último rei português D. Sebastião, muitos foram os ataques, intrigas, guerras e batalhas sangrentas encetados por Espanha para tomar Portugal. Nunca conseguidos até a 1580.

A Cultura abandona-nos…

     Durante o período castelhano, a cultura espanhola infiltra-se rapidamente no território, não deixando espaço para pensar ou refletir sobre o caso. A perda da individualidade cultural era sentida pelos portugueses, com reacções distintas a favor da língua Pátria, assim como, da sua expressão em termos de prosa e poesia. Porém, os que assim pensavam, sabiam que os seus esforços seriam estéreis sem a recuperação da independência política.




A economia foi estrangulada.

     A partir do século XVII a economia portuguesa está, decididamente, moribunda. O outrora Império Português atravessava agora um sério perigo com a entrada em campo de holandeses e ingleses. Portugal perdera, então, o monopólio comercial na Ásia, África e Brasil, resultando daí que todos os nobres, clero ou burguesia recebiam cada vez menos receitas. Quanto aos Espanhóis, estes insurgiam-se fortemente contra a presença portuguesa nos seus territórios, utilizando diversos processos, entre os quais a Inquisição, “situação que suscitou grande animosidade nacionalista tanto em Portugal como em Espanha, aprofundando o fosso já cavado entre os dois países.”

     Já no território nacional, a situação era agonizante, com os altíssimos preços dos produtos (cereais, carvão, azeite, entre outros) e a constante escalada de impostos. Havia cada vez mais um fosso sem fundo para a pobreza. Onde residia a culpa? A resposta estava na boca de todos os portugueses: Espanha, a causa de todos os males.

     À parte todos estes problemas, surge um outro detalhe nesta nossa submissão a Espanha. Com este domínio sobre nós, Portugal perde a sua posição de isenção nas guerras europeias, dado que em muitas guerras que Espanha participava, agora obrigava exércitos portugueses a combaterem por si, contra outras Nações. Os portugueses começam a pensar no porquê de combater por Espanha em guerras que nada lhe diziam. Lutar por lutar, que fosse... contra Espanha. 

1 de Dezembro

     No 1º dia de Dezembro de 1640, 40 fidalgos entram no Paço da Ribeira, onde reside a Duquesa de Mântua, representante de Espanha, matam o seu secretário Miguel de Vasconcelos e vêm à janela proclamar D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal. 
     Acabava assim, abruptamente, 60 anos de domínio espanhol sobre Portugal. A tão desejada revolução foi recebida com gáudio em todo o País. Restava, porém, defender as fronteiras de Portugal de uma represália espanhola. Para tal, todos os homens dos 16 aos 60 anos foram mandados se alistar e fundidas novas peças de artilharia.



     D. João, duque de Bragança, foi aclamado como D. João IV, entrando em Lisboa dias depois. Por quase todo o Império metropolitano e ultramarino as notícias da mudança do regime e do novo juramento de fidelidade foram recebidas e atendidas sem qualquer dúvida. Apenas Ceuta permanece fiel à causa de Filipe IV, III de Portugal.



     A reorientação do reinado terá sido feita tendo em conta prioridades: reorganização do aparelho militar, restauração de fortalezas das linhas defensivas na fronteira, fortificação das guarnições e obtenção de material e reforços no estrangeiro. 

“Paralelamente, uma intensa actividade diplomática junto das cortes da Europa – no sentido de obter apoio militar e financeiro, negociar tratados de paz ou de tréguas, e conseguir o reconhecimento da Restauração – e a reconquista do império ultramarino. A nível interno, a estabilidade do regime dependeu, antes de mais, do aniquilamento de toda a dissensão a favor de Espanha”.

D.João IV

     Portugal não tinha um exército moderno, as forças eram escassas, especialmente na fronteira terrestre, as suas coudelarias haviam sido extintas e os seus melhores generais lutavam pela Espanha algures na Europa. 

“Do lado português, tudo isto explica por que motivo a guerra se limitou em geral a operações fronteiriças de pouca envergadura. Do lado espanhol, é preciso lembrar que a Guerra dos Trinta Anos (até 1659) e a questão da Catalunha (até 1652) demoraram quaisquer ofensivas de vulto." 

     O Tratado de Lisboa é assinado em 13 de Fevereiro de 1668, entre Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha, onde este último reconhece a independência d Portugal.

Feriado

     O dia 1 de Dezembro fica para a História de Portugal como o dia em que Portugal afirma finalmente a sua independência de Espanha, éramos uma Nação. 
     Desde o século XIX este dia torna-se feriado nacional, em memória de todos aqueles que sofreram 60 anos de tormento e domínio espanhol e que tiveram a coragem de voltar a tomar as rédeas desta nobre Nação. É, efectivamente  o feriado nacional mais antigo em Portugal, tendo passado pela I República, pelo Estado Novo, pela Nova Democracia. 




     Contudo, em nome da crise actual, em 2012 é proclamado que os trabalhadores precisam de produzir mais, trabalhar mais. Assim, o Governo de Portugal decide acabar com alguns feriados nacionais, quer religiosos, quer laicos. Desta forma, este dia 1º de Dezembro de 2012 poderá ser o último dia em que se celebra a nossa independência, dado que este dia deixará de ser feriado. Para muitos, o dia em que essa decisão foi tomada, foi o dia em que Portugal voltou a perder a independência. 


Fonte:
http://ebicuba.drealentejo.pt/ebicuba/dezembro1/dezembr1.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Restaura%C3%A7%C3%A3o_da_Independ%C3%AAncia
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/EFEMERIDES/Restauracao/RI.htm