Perdida na História

Perdida na História

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Fogo Grego

Mísseis, aviões, tanques de guerra, bombas atómicas, projécteis... Tudo isto faz parte do vocabulário bélico da actualidade. Já na Antiguidade, havia também formas extremamente eficazes de aniquilar o inimigo, com a desvantagem de não de se conseguir ultrapassar com eficácia o detalhe da distância. Contudo, uma misteriosa arma já conhecida pelos Romanos e utilizada pelos Bizantinos parecia ser muito eficaz a longo alcance. Contudo, este povo terá levado consigo o segredo do Fogo Grego.


      Em tempo de Guerra, era comum lançar das ameias e muralhas grandes quantidades de óleo ou azeite em ebulição contra o inimigo que, teimosamente, escalava o castelo ou muralha. Porém, o fogo grego era particularmente diferente.

      Algumas vezes mencionado em fontes Romanas, o fogo grego teve o seu ponto alto de utilização pelos Bizantinos. Após esse povo, o fogo grego extingue-se por completo das referências históricas, tornando-se num verdadeiro mito.

“Fire foi o "termo grego" atribuído à mistura até que o tempo das Cruzadas Europeias chegasse. Alguns dos nomes originais eram conhecidos e incluíam: "fogo líquido", “fogo da marinha", "fogo artificial" e "fogo romano". O último foi usado devido ao facto  dos muçulmanos (contra quem a arma era mais usada) acreditarem que os bizantinos eram romanos e não gregos. Os próprios bizantinos usavam o Fogo Grego raramente, presumivelmente por causa do medo que tinham da fórmula secreta da mistura cair em mãos inimigas".


Composição

      Historicamente, são várias as especulações acerca da sua composição. Os bizantinos encobriram ou destruíram a fórmula, para evitar que caísse nas mãos dos seus adversários.
      Pensa-se que esta poderosíssima arma fosse composta por uma complexa mistura à base de petróleo e outros componentes, como cal viva (óxido de cálcio), nafta, enxofre e salitre (nitrato de potássio)e, possivelmente, outros componentes. Era inflamável, não se misturando com a água e gerava uma chama difícil de apagar. O Fogo Grego foi muito empregado na Ásia. Supõe-se que outra substância incendiária, que talvez pudesse ter sido utilizada como "ingrediente secreto", pode ter sido o magnésio que queima debaixo da água, sendo um dos principais constituintes das bombas incendiárias da actualidade.

      Os bizantinos, do império, combatiam lançando o líquido inflamado sobre os navios inimigos, usando pressão. Alguma coisa semelhante a um lança-chamas. Os turcos tiveram muita dificuldade em tomar Constantinopla em face do uso do fogo grego, mas na sétima tentativa a cidade caiu. Os turcos venceram em Constantinopla porque eram mais evoluídos tecnologicamente: usaram uma arma mais poderosa do que o fogo grego: a pólvora. (…)”.

Mitologia: Prometeu

      Conta a lenda que Prometeu, um dos Titãs, devolveu o fogo aos humanos que dele tinham sido privados por Zeus. Este havia castiga Prometeu por ter beneficiado os humanos na repartição dos lotes de um sacrifício, prendendo-o a um mastro para ser torturado por uma águia, que durante o dia lhe devorava o fígado, mas este regenerava-se durante a noite.


      Mais tarde é o herói Hércules quem liberta Prometeu, matando a águia. Desta forma, terá sido Prometeu a ensinar os homens a usar o fogo, sendo desta forma que os Gregos explicam o aparecimento do fogo na terra.


“Durante a Idade Média tornou-se célebre uma substância de misteriosa composição, conhecida como fogo grego”. O fogo grego era expelido por um sifão, sendo muito utilizado em batalhas navais pelos bizantinos, antepassados dos gregos modernos.

     “Os testemunhos da época descreveram-no como um prodígio, uma vez que os incêndios que provocava não podiam ser apagados com água, que, pelo contrário, se limitava a difundir as chamas e a fazê-las crescer.”

      Dada a sua natureza, compreende-se agora o porquê do fogo grego só poder ser apagado recorrendo a substâncias pouco ortodoxas: areia, vinagre e urina. Apagá-lo com água seria o mesmo que tentar apagar com água um fogo com origem em óleo a ferver.
      Acredita-se que tenha sido inventado em 673 por um refugiado arquitecto sírio, chamado Kallinikos de Heliópolis Alguma coisa terá mudado desde os tempos remotos de Kallinikos, pois esta arma não foi mais utilizada. Se por um lado se sabe que os Romanos tentaram incessantemente aplicar esta arma, sabe-se que não o conseguiram reproduzir, provavelmente porque no territótio Romano não havia um dos elementos essenciais: a naphtha (ou nafta), um derivado do petróleo.

      Porém, historiadores actuais, como James Partington, acreditam que o Fogo Grego tenha sido inventado pelos químicos de Constantinopla, que tinham herdado as descobertas da escola química da Alexandria. A tecnologia permitiu planear um mecanismo, usando uma bomba que descarregava jactos de líquido em chamas (atirador de chamas).
      A receita para esta arma foi tão bem guardada que, após 50 anos da sua invenção, a informação foi perdida até mesmo pelos seus inventores. Enquanto as armas incendiárias tinham sido usadas durante séculos (petróleo e enxofre, ambos tinham sido usados, inclusive nas Cruzadas), o Fogo Grego era muito, muito mais potente. Muito semelhante a uma Bomba do mundo moderno.
      Em combate, as forças bizantinas bombeavam a mistura de um amplo reservatório, através de estreitos tubos de latão. Tais tubos concentravam o líquido pressurizado num poderoso jorro. Depois, os soldados acendiam um pavio na saída do tubo de latão para inflamar o jorro de fluido quando esguichava. O jorro do fluido levava o fogo a dezenas de metros pelo ar.

      Lê-se que os bizantinos montavam tais armas ao longo das muralhas de Constantinopla, bem como na proa da maioria dos seus navios. Como a substância inflamável era à base de óleo, continuava a queimar mesmo quando entrava em contato com a água, tornando-a uma arma particularmente eficiente nas batalhas navais.

      Alguns historiadores ingleses dizem que a Armada Invencível de Felipe II sucumbiu perante Francis Drake, que alegadamente terá criado uma fileira de barris de fogo grego incendiados na Batalha do Canal da Mancha. No entanto, tais afirmações não serão bem verdade, já que esta armada terá sido mais destruída pelas tempestades,  do que propriamente na batalha, além de se tratar de uma época na qual o uso da pólvora fazia que possuíssem armas também elas muito destrutivas.

A eficácia do Fogo Grego era incontestável; entretanto, dependia das circunstâncias em que era utilizado. Por exemplo, era menos eficaz no mar aberto do que em passagens estreitas do mar. O Fogo Grego não podia ser considerado uma invenção que resolvesse todos os problemas marítimos do império Bizantino. A guerra naval continuou a ser baseada na arte tradicional da estratégia marítima, a que o Fogo Grego adicionou uma arma eficaz para os Bizantinos.”


Fontes:
O Fogo Grego. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-02-22].
Nelson Lage da Costa - A POLÊMICA - O FOGO GREGO: Uma Especulação Sobre a Alquimia dos Componentes Usados na Preparação da Arma Bizantina

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Homem que recusou a saudação Nazi

Apesar de se estar a tornar numa verdadeira "notícia" na actualidade, o sucedido ocorreu em 1936 e revela um homem de, no mínimo, muita coragem.


      August Landmesser seria apenas um trabalhador dos estaleiros de Hamburgo, mas viria a ter o seu lugar na História pela sua coragem. Pertenceu ao partido dirigido por Hitler entre 1931 e 1935, contudo, o seu casamento com Irma Eckler, judia, levou a que fosse de imediato expulso do partido, tendo em conta que "profanado" e "desonrado" a raça ariana. 
      Tal como seria de esperar, a situação não fica apenas pela sua mera expulsão: Landmesser é preso, e as filhas nascidas durante o casamento são separadas (Ingrid fica ao cuidado da avó materna e Irene é enviada para um orfanato). Quanto à esposa, é detida e posteriormente é simplesmente eliminada pela Gestapo.

      À semelhança com o ocorrido com outras pessoas, Landmesser sai da prisão e é de imediato enviado para o palco da Grande Guerra. Desaparecido em combate, é mais tarde dado como presumivelmente morto.

O Homem que recusou usar a saudação nazi

      A história poderia até parecer vulgar nos tempos da Grande Guerra, não fosse o caso deste simples trabalhador se ter recusado a fazer a saudação nazi, num baptismo de mar de um navio-escola da Marinha alemã. O insólito ficou registado para a posteridade na fotografia:




      Apesar deste momento heróico, a história trágica desta família foi divulgada nos anos 90, quando a fotografia juntamente com um livro escrito por Irene é difundido: “Irene Eckler: Uma Família Separada pela Vergonha Racial”.        Apesar dos anos passados, só actualmente está a ganhar importância e a dar a volta ao Mundo, graças às redes sociais.


      Quanto à família, as duas irmãs acabaram por se reunir bastantes anos depois do falecimento dos pais. Quanto a Irene, terá visitado Hamburgo para falar com familiares da mãe que tivessem sobrevivido ao Holocausto, com a finalidade de reunir todas as informações possíveis acerca do seu passado nos tribunais locais. Desta pesquisa nasceu o livro que poderá eternizar August Landmesser, o homem que recusou a saudação nazi.  



Fontes:

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Terra das Serpentes

A Península Ibérica é, há muitos séculos, palco de ocupação de diversos povos. No que diz respeito a Portugal, ao contrário do que se poderia pensar, é também uma terra presente na Mitologia grega. O que seria, então, Ophiussa?

Uma terra longínqua

      Apesar da grande distância que separa a Grégia do território português, na Antiguidade Clássica o povo grego atribuía ao território português a designação de Ophiussa, ou seja, Terra das Serpentes. Segundo algumas fontes, os ofís (na altura, o povo que vivia no actual território português) estavam estabelecidos na região norte do território, podendo-se estender até à parte da Galiza. Outros estudiosos apontam a Foz do rio Douro e a Foz do rio Tejo como as terras ocupadas por estes indivíduos.

      Algumas investigações arqueológicas vieram demonstrar a existência de alguns objectos muito antigos onde estariam presentes alguns desenhos alusivos a serpentes.

      Efectivamente, o timbre de muitos Reis Portugueses apresentava um dragão, por veze com semelhanças de um grifo, teria sido inspirado em imagens e mitos muito antigos referentes a uma Serpente alada, a "Serpente Real". Mais tarde, este símbolo terá sido também utilizados pelos Imperadores do Brasil.



      Quanto ao culto da Serpente Real, pensa-se que terá sido um legado de povos celtas que terão estado presentes na Europa que, possivelmente, estariam muito ligados ao culto "Ofi". Curioso mesmo é uma tradição egipcia que refere que "as serpentes egipcias de Carnac e Luxor teriam emigrado para a Europa".



      Portugal terá aparecido como nome entre 930 e 950 da Era Cristã, tendo sido mais difundido a partir do século X.  Fernando I de Leão e Castela, o Magno, denomina oficialmente o território de Portugal, quando em 1067 o oferta ao filho D. Garcia. Contudo, já no século V, durante o reinado dos Suevos, Idácio de Chaves já escrevia sobre um local chamado Portucale.

      Cale, actualmente Vila Nova de Gaia, seria já designada por Portucale no tempo dos godos, havendo num diploma de 841 uma primeira menção à província portugalense.

      Por outro lado, outras fontes afirmam que Portugal terá tido origem em Portogatelo, nome dado por um chefe Grego chamado Catelo, após o seu desembarque e estabelecimento junto do actual Porto.

      A primeira vez que o nome de Portugal aparece como elemento de raiz heráldica, é numa carta de doação da Igreja de São Bartolomeu de Campelo por D. Afonso Henriques em 1129

O Símbolo de Ophiussa

      Se por um lado a ligação da Serpente ao culto Cristão está muito ligado ao pecado atribuído a Eva e ao próprio Satanás, por outro lado a serpente é também vista como símbolo da vontade de Deus, personificado em Moisés, assim como Sabedoria e Cura, daí ser o símbolo da medicina, visto a capacidade de trocar de pele estar associada à cura e rejuvenescimento

Outras designações

      Ao longo dos séculos Ophiussa não terá sido a única designação atribuída ao território nacional. Aqui ficam alguns exemplos:

      Lusitania, nação Galaico-Portuguesa, Portucale, Portugalliae, Lusitaniae,Regno Portugalensium, Portugalis; Portugalliae et Algarbiae; Purtugall, Burtughāl (termo árabe); Ocidental Praia Lusitana ou Pátria Lusitana (Os Lusíadas); Luxitania e Portugraal (Port of Grail) são designações atribuídas a Portugal na vertente Esotérica e na Literatura Metafísica.

Fontes: